Nova grife promete acirrar concorrência no mercado de esmaltes
Americana O.PI. deve iniciar vendas no país no mês de dezembro. Cada vidrinho custará cerca de 35 reais
A sigla O.P.I parece nome de remédio ou de ala de hospital, e há quem fique, de fato, doente por ela. Para os não iniciados no circuito fashion, cabe a introdução: trata-se da marca americana de cosméticos que vem se espalhando pelos salões mais badalados da cidade desde 2009, quando a moda dos esmaltes-acessório aposentou a monotonia dos tons mais básicos de vermelho, rosa e branco. Pois a grife está prestes a deslizar suas garras em território nacional: hoje trazidos do exterior ou encontrados apenas nas manicures chiques, os vidrinhos passarão a ser vendidos por cerca de 35 reais em drogarias e perfumarias em dezembro. Ajudarão a espalhar pelas ruas da metrópole, assim, cores de sucesso batizadas com nomes engraçadinhos nos Estados Unidos, como o marrom Suzi Loves Cowboys (Suzi Adora Caubóis), o laranja Are We There Yet? (Já Chegamos?) e o pink It’s All Greek to Me (Para Mim, É Tudo Grego).
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Partindo para seu terceiro verão, a onda dos esmaltes com alto status não tem mais nada a provar. Como aconteceu com as calças jeans, que no início dos anos 2000 se valorizaram às alturas com o sucesso de etiquetas como Diesel, o produto deixou de vez de ser apenas um cosmético. Agora, porém, a concorrência acirradíssima cria uma paleta tão imensa que não há mais uma cor única do momento, como quando a francesa Chanel inaugurou a tendência com o verde Jade, apresentado na temporada de desfiles de outono- inverno de Paris, em 2009. Falando em Chanel, neste ano uma de suas apostas é o amarelo batizado de Mimosa. A Dior investe em tons de dourado e prata.
A empresária Deborah Lippmann, dona de marca homônima do produto, também conquistou um espaço valioso no mundo da beleza. Com a criação das inconfundíveis tintas com glitter e de uma linha assinada por celebridades como Lady Gaga, Deborah prepara sua entrada no mercado nacional. Atendendo aos vários pedidos de brasileiras feitos por e-mail, a empresária procura parceria com um distribuidor para vender seus itens aqui. Não à toa. Estará de olho, assim, em um mercado em expansão galopante, no qual o faturamento deve saltar de 336 milhões de reais em 2009 para 616 milhões neste ano. Poucos mercados são tão democráticos. Uma unidade do produto pode sair por 2 reais nas marcas de produção brasileira como Impala, Risqué, Colorama e Hits, ou 92 reais, preço de um Chanel na butique da marca, nos shoppings Iguatemi e Cidade Jardim.
A publicitária Roberta Resende abriu há quatro meses o espaço Unhas e Cores, em Moema, e colhe os frutos do sucesso. Entre os 700 tipos de esmalte, 450 vidros são de grifes internacionais. “Percebi o aumento da demanda pelas marcas vindas de fora e decidi investir nelas”, conta. “O salão tem mais de 800 clientes regulares e seu faturamento dobra mês a mês”, calcula. O Picnicdric, inaugurado em agosto de 2010 dentro da loja da estilista Adriana Barra, nos Jardins, tem pedido às clientes que marquem horário com uma semana de antecedência. Difícil ali é escolher uma só cor entre as mais de 1.000 opções, dilema proporcional ao sucesso dos produtos, o que deixa as clientes aflitas, com medo de exagerar. Proprietária do salão Detrich, em Moema, Juliana Diniz tranquiliza. “Hoje, estamos livres dos tabus e podemos abusar do brilho e das cores que mais nos agradam”, diz, fazendo coro com outras especialistas que defendem a ideia de que, no próximo verão, tudo será tendência. “Perca o medo e aproveite.”
AS FERRARI DESSA ÁREA
Algumas das marcas mais badaladas
O.P.IEm dezembro, a grife promete iniciar as vendas no país. Mermaid’s Tears, item da coleção Piratas do Caribe, foi um dos hits do verão americano
Chanel
Sempre com lançamentos inusitados, a empresa aposta no amarelo Mimosa. R$ 92,00 na butique Chanel dos shoppings Iguatemi e Cidade Jardim
Dior
O clássico vermelho 999 nunca sai de moda e atravessa os anos como um dos tons mais requisitados. R$ 74,00 na loja da Christian Dior, na Rua Haddock Lobo
Deborah Lippmann
Os vidrinhos cobiçados da marca são difíceis de ser encontrados no país, mas os salões especializados costumam ter boa variedade da marca