Vanessa Alcântara é condenada a quase quatro anos de prisão
Denunciante da máfia do ISS, a modelo e publicitária fez amizade com Suzane Richthofen e coleciona conflitos com carcereiras e colegas de cela
A Justiça condenou nesta quinta (7), a publicitária e modelo Vanessa Alcântara, 30 anos, a três anos e sete meses de prisão em regime semiaberto pelas agressões contra uma delegada e uma escrivã, injúria e desacato, além de outros dois meses de pretação de serviços a comunidade por porte de drogas. Ela ficou conhecida após denunciar o então auditor fiscal Luis Alexandre Magalhães, da máfia do imposto sobre serviços (ISS), que lesou em 500 milhões de reais os cofres públicos em 2013.
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Vanessa está presa há quase três meses após um episódio ocorrido na Delegacia de Defesa da Mulher de Valinhos. A modelo compareceu ao local no dia 7 de abril para registrar boletins de ocorrência por briga com vizinhos. Durante a meia hora em que permaneceu ali, causou uma tremenda confusão. De acordo com o registro policial, rasgou um inquérito e agrediu uma escrivã e uma delegada. Ela também estava com uma pequena quantidade de maconha na bolsa. Com isso, foi levada para a Penitenciária Feminina de Campinas. “Fiquei mesmo nervosa, mas não bati em ninguém, a droga não era minha e estou sendo injustiçada”, disse Vanessa à VEJA SÃO PAULO em entrevista concedida em junho.
A defesa da modelo, o advogado Evandro Campos, disse que recorrerá da decisão. “Vou entrar com habeas corpus porque a juíza negou até o direito dela recorrer em liberdade”, disse. “A sentença não tem fundamentação”, criticou.
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Nos três meses de reclusão, Vanessa ficou conhecida como uma das presas mais problemáticas do estado. Ela passou 30 dias na penitenciária de Tremembé, a 150 quilômetros de São Paulo, local conhecido por abrigar presas como Suzane von Richthofen, que participou do assassinato dos próprios pais, e Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte da enteada Isabella Nardoni.
Vanessa foi expulsa de lá devido a discussões com funcionárias por causa da manutenção de uma cela. “Eles queriam soldar as grades comigo lá dentro e encheu de fumaça”, conta Vanessa. “Fui arrogante, mas estava no meu direito.” Advertida por impedir o trabalho, passou doze dias no chamado “castigo”, sem direito a banho de sol. As outras presas comemoraram.
Segundo carcereiras, ela costumava xingar colegas de “porca” e “suja”. Ganhou antipatia por bradar aos quatro ventos a condição de “modelo famosa” (foi musa da Acadêmicos do Tucuruvi no último Carnaval) e fazer reivindicações, como comida vegetariana. Transferida para Mogi Guaçu, Vanessa continua insatisfeita com o tratamento.
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Com as “celebridades” de Tremembé, teve uma relação melhor. Ela conta ter feito amizade com Suzane von Richthofen (a quem chama de “Su”). Emprestou a ela os livros Aleph, de Paulo Coelho, e O Monge e o Executivo, de James C.Hunter, e ainda ofereceu conselhos para a nova amiga lidar com a “perseguição” da imprensa. Esse tipo de convivência aliviava um pouco o cotidiano “aterrorizante” do xadrez. “Durmo com uma espuma no chão e passo frio, além de não ter água quente”, queixou-se durante entrevista dada em junho.
“É um absurdo eu estar presa enquanto os caras que roubaram meio bilhão da prefeitura continuam soltos”, indignou-se.