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TV Record e Jovem Pan: Sessenta anos no ar

Livro conta a trajetória do responsável pelos tempos áureos da Record e da Jovem Pan

Por Fernanda Nascimento
Atualizado em 5 dez 2016, 19h08 - Publicado em 26 set 2009, 20h05

Nos primórdios da televisão, não era nada fácil transmitir partidas de futebol, principalmente por causa dos equipamentos caros, pesados e com poucos recursos tecnológicos. Pensando em uma forma de inovar a cobertura, Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta, resolveu colocar em campo uma câmera especial para registrar os torcedores. Escolheu um profissional que não gostava do esporte e pediu que ele se concentrasse apenas na expressão do público. A ideia fez sucesso, mas uma saia-justa acabou com a festa. Acidentalmente, o então presidente da Federação Paulista de Futebol, João Mendonça Falcão, foi flagrado num estádio em companhia de sua amante. A confusão fez com que a transmissão voltasse ao formato inicial. Essa e outras histórias ilustram os bastidores da carreira de Tuta, 78 anos, contados no recém-lançado livro Ninguém Faz Sucesso Sozinho – Bastidores dos Anos de Ouro da TV Record e da Jovem Pan (Ed. Escrituras; 432 páginas; 90 reais).

Tuta começou a trabalhar na Rádio Pa­namericana, de propriedade de seu pai, o empresário Paulo Machado de Carvalho, em 1949. Ficou lá pouco tempo. Em 1953, aos 22 anos, foi para a TV Record, que estava iniciando suas transmissões. “Era um passo à frente, mas também um salto no escuro”, diz Tuta, no livro. “Estava bem na rádio e fui convidado para entrar numa aventura.” Na TV, viu todo seu acervo e o estúdio serem destruídos por um incêndio em 1966. A programação, que contava com o trabalho de apresentadores como Roberto Carlos e Hebe Camargo, precisou então ser produzida no Teatro Record, na Rua da Consolação. Ali, surgiram programas que marcaram época, como Bossau­dade, Fino da Bossa e a inesquecível Família Trapo.

Em meados da década de 60, Tuta voltou à Rádio Panamericana, que andava com pouca audiência – sem deixar a TV Record. Resolveu transformar a emissora, começando pela mudança de nome. O sucesso da Jovem Guarda inspirou o novo projeto: Jovem Pan. Com sua experiência na transmissão de jogos de futebol, empenhou-se em torná-la uma referência na cobertura esportiva. Anos depois, criou o Jornal da Manhã, até hoje um dos principais programas jornalísticos do rádio brasileiro. “O sucesso da Pan é conseqüência do amor de Tuta por São Paulo”, afirma o jornalista e escritor José Nêumanne Pinto, que organizou o livro. “É uma rádio que transmite a cidade para todo o Brasil.” Tuta orgulha-se de ter lançado grandes nomes da música, do rádio e da televisão. Mas não só. Os medalhistas olímpicos Gustavo Borges e Fernando Scherer, o Xuxa, por exemplo, foram descobertos em um campeonato de natação juvenil patrocinado pela Jovem Pan.

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