“Travesti preta”, Erika Hilton faz história e se elege deputada federal
Na adolescência, a parlamentar teve de se prostituir após ser expulsa de casa; Duda Salabert, de MG, também vai ao Congresso

Erika Hilton (PSOL-SP), de 26 anos, foi eleita deputada federal por São Paulo com quase 257 mil votos. Ela e Duda Salabert (PDT-MG) são as primeiras parlamentares travestis da história do Congresso Nacional.
Hilton entrou na política em 2018, quando integrou a Bancada Ativista, mandato coletivo na Assembleia Legislativa de São Paulo. Em 2020, foi a mais bem votada vereadora na capital paulista, sendo também a primeira trans. Após ganhar projeção, passou a ser alvo de ameaças, inclusive de morte.
Em entrevista à Vejinha naquele ano, disse que “a nova esquerda é profundamente anticapitalista”. Na ocasião, ela também falou sobre sua trajetória como pessoa transexual e revelou que foi expulsa de casa na adolescência e teve de se prostituir nas ruas de Itu, no interior do estado.
“Sempre fui trans, desde a infância. Dizia que era as divas da televisão, a Hebe, a Paola da novela A Usurpadora. Minha mãe nunca me reprimiu (Erika não conviveu com o pai). Mas em dado momento ela se converteu à igreja (evangélica Congregação Cristã no Brasil) e me expulsou de casa. Fizeram lavagem cerebral nela, e ela achou que era coisa do demônio. Vivi a adolescência na prostituição, em Itu. Dormi nas ruas, passei por casa de cafetina… Isso dos 15 aos 19 anos. Aí minha mãe superou aquelas ideias e me resgatou. Eu voltei para casa e para os estudos. Hoje ela é uma mulher maravilhosa, com uma mente aberta.”