Tour virtual por pontos turísticos do centro inclui maquete e pipoca

O itinerário Turistando em Casa custa 89,90 reais (mais o frete), inclui dezesseis vídeos curtos e vem com caixinha cheia de surpresas para curtir o passeio

Por Fernanda Campos Almeida
Atualizado em 27 Maio 2024, 17h43 - Publicado em 7 ago 2020, 06h00
Tiago (sem máscara só na hora da foto): maquete do Marco Zero da cidade (Divulgação/Alexandre Battibugli/Veja SP)
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A pandemia atrasou os planos de Tiago Lucio, 39, de lançar uma plataforma que conecta clientes com guias de turismo, a GoGuidia. O usuário escolheria a data, o local e o profissional e compraria o passeio pela internet. A ideia surgiu quando, em viagem a Cuba com a namorada, Tiago não encontrava um guia para levá-los a uma visita à capital. Ele propôs a um músico do hotel, que conhecia bem a ilha caribenha, que lhes mostrasse os arredores. De volta a São Paulo, por coincidência, pegou um táxi com uma motorista que trabalhava como guia turístico, mas, por causa da demanda baixa, dirigia para complementar a renda. A plataforma, então, nasceu para unir guias sem trabalho a turistas à procura de história, mas, para não ficar de braços cruzados esperando a crise do coronavírus passar, o empreendedor, que antes trabalhava com sistema de informação, decidiu lançar um projeto paralelo de turismo sem sair de casa.

Quem adquire o itinerário Turistando em Casa no site da plataforma por 89,90 reais (mais o frete) tem acesso a dezesseis vídeos curtos sobre as principais atrações do Centro Histórico de São Paulo e recebe pelo correio uma caixa recheada com manual de instruções, mapa de figurinhas, envelopes com atividades relacionadas aos pontos turísticos, um pacote de pipoca para saborear durante o tour e uma máscara de tecido desenhável. No primeiro vídeo, Ponto de Encontro, o usuário conhece Laércio Cardoso de Carvalho, 73, guia turístico registrado desde 1983 no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), em frente à Estação Sé do metrô. Ao som de canções sobre a metrópole, como Cidade com Nome de Santo, do rapper Ogi, o espectador retira da caixinha uma maquete montável do Marco Zero, enquanto Laércio conta a história do monumento ou preenche um cartão-postal do Edifício Martinelli — já selado — depois que o guia apresenta a Praça Antônio Prado. Ao todo, são doze surpresinhas envelopadas que devem ser abertas durante o passeio digital.

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“Esse roteiro é o feijão com arroz na cidade”, conta Laércio, que tem no repertório passeios temáticos como o Tour dos Modernistas, sobre artistas enterrados no Cemitério da Consolação. Laércio afirma que já perdeu a conta de quantos trajetos turísticos fez, mas diz que são ao menos quarenta. Sem trabalho desde março, o guia receberá parte das vendas da experiência da caixinha que acompanha o tour virtual.

Para lançar o negócio, o empreendedor contratou uma equipe profissional para as gravações e encomendou 200 caixas, das quais oitenta foram vendidas em um mês. O investimento foi de 14 000 reais. Com o objetivo de retratar fielmente o Centro Histórico, moradores de rua não são omitidos. O episódio sobre a Catedral da Sé cita o trabalho do movimento “SP Invisível”, que conta a história dessa população. “Descobri que não conhecia São Paulo e quero fazer o tour pessoalmente quando tudo passar”, relata Fernanda Franco, 30, que assistiu ao passeio virtual com a família.

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“Não sabemos se o programa vai cair no gosto das pessoas no pós-pandemia. Talvez se torne uma degustação do que o público encontrará presencialmente quando tudo voltar ao normal”, afirma Tiago, que abriu a empresa com a advogada Aline Amaral, 33, e o profissional de marketing Everson Lima, 44. O trio tem planos de fazer outros passeios gravados, caso haja demanda, e espera retomar os roteiros presenciais, mas ainda não há previsão do retorno das atrações artísticas na cidade. “Temos ansiedade pela retomada porque somos autônomos, e alguns profissionais não têm outra fonte de renda”, relata Adriana Perdiza, presidente do Sindegtur-SP, o sindicato do setor.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 12 de agosto de 2020, edição nº 2699. 

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