Dono do restaurante grego Acrópoles, Thrassyvoulos Georgios Petrakis, conhecido como “Seu Trasso”, veio para São Paulo em 1961. Junto da primeira mulher e da filha recém-nascida, desembarcou na capital depois de quinze dias de viagem de navio. Atendia ao chamado de uma cunhada para tocar o bazar que ela mantinha no Tremembé. Também passou a trabalhar como garçom no Acrópoles, aberto em 1959 por um conterrâneo. A vida de Seu Trasso sofreu um terrível abalo em 1969, quando perdeu toda a família em uma tragédia ocorrida numa casa de veraneio em Santos. Desde então, passou a se dedicar integralmente ao restaurante, no qual chegou a gerente, até comprá-lo, no início dos anos 70. “Era um lugar muito simples”, recorda-se. “Fiz várias reformas”. O endereço cinquentão do Bom Retiro continua de grande simplicidade e muito bem cuidado. Está sempre tinindo de nova a pintura azul e branca das paredes, cores da bandeira da Grécia. Na porta do salão, esbanjando energia aos 91 anos, ele recebe a clientela com um largo sorriso e indica os lugares. Também apresenta a cozinha aberta, onde são preparados o saboroso mussaká, a lula recheada e o carneiro assado que deram fama à casa. Atento a tudo, ralha com os garçons caso o pão do couvert não chegue à mesa quentinho. Até hoje, encarrega-se das compras. Acompanhado do motorista, chega às 7 da manhã no Mercado Municipal para selecionar os produtos. Só deixa o Acrópoles quando acaba o movimento do almoço, em geral com a filha Katherine, de 21 anos. Volta ao restaurante no início da noite e permanece lá até a hora de fechar. Ainda encontrou fôlego para abrir, no fim do ano passado, uma filial do Acrópoles nos Jardins, tocada pelas filhas Aglaia e Niqui.
Por sua longa contribuição à gastronomia paulistana, o restaurateur Thrassyvoulos Georgios Petrakis recebe de VEJA SÃO PAULO o título de Personalidade Gastronômica do ano.