Teatro Cultura Artística passa por desafios para ser reconstruído
Sociedade ligada ao Teatro sofre para conseguir reerguer prédio que foi destruído em incêndio em 2008
Em setembro, a Sociedade de Cultura Artística alcançou a marca de um século em atividade. A festa, no entanto, não foi completa. O teatro de 1950 que funcionava como sede de parte das atrações da instituição cultural privada, localizado na Rua Nestor Pestana, no centro, foi consumido por um incêndio sem causas identificadas em agosto de 2008. Desde então, há planos para sua reconstrução, mas a estrutura ainda se vê no chão. “Logo após a tragédia, chegamos a cogitar que tudo poderia estar pronto para nosso centenário. Aos poucos, percebemos a complexidade da obra e notamos que isso seria inviável”, lembra Frederico Lohmann, superintendente administrativo do grupo.
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O público conta agora com a promessa de voltar a frequentar a casa só em 2016. Entretanto, esse prazo pode se alongar ainda mais. Dos 90 milhões de reais estimados para cumprir o projeto (15 milhões a mais do que o previsto em 2008), cerca de 30 milhões foram arrecadados. O valor é suficiente para construir o esqueleto do teatro, mas não cobre o acabamento interno. Por meio de eventos e anúncios, a campanha para arrecadar a quantia necessária tem sido dura (e só tende a demandar ainda mais esforço por parte dos organizadores).
Além de recorrer a empresas e instituições, a exemplo do banco Credit Suisse, que cedeu 1,25 milhão de reais, e do BNDES, responsável por uma ajuda de 4 milhões, apelou-se às pessoas físicas — que tiveram a garantia de ver seu nome em um painel de agradecimento nofuturo prédio. Entre os doadores estão atores como Antonio Fagundes e Marco Nanini. Semestralmente, os que contribuem recebem um relatório com a prestação de contas. Um vídeo encomendado para a agência Talent, em 2009, em que figuras como a atriz Beatriz Segall e o maestro Jamil Maluf relembram seus momentos gloriosos no palco, auxiliou na divulgação da causa. Um trecho da produção ainda pode ser encontrado na internet. “Fiquei emocionado com as manifestações de generosidade. Devo a essas pessoas que tudo dê certo”, afirma Pedro Herz, presidente da Sociedade desde 2010 e dono da Livraria Cultura.
Dividida em duas fases, a revitalização do teatro já teve sua primeira etapa concluída. Instalado na fachada, o painel de 48 metros de comprimento, criado por Di Cavalcanti, por um milagre saiu praticamente ileso do incêndio. Os administradores aproveitaram para iniciar uma minuciosa restauração na peça. O processo durou dois anos e terminou no fim de 2011. Simultaneamente, os escombros foram retirados e a proposta arquitetônica de Paulo Bruna foi finalizada. Faltava, entretanto, que a prefeitura, como parte do projeto de reurbanização da Praça Roosevelt, batesse o martelo em relação à desapropriação do imóvel vizinho, onde funcionava a boate Kilt, demolida em setembro. No lugar, surgirá uma praça com acesso para carros.
A alteração demandou alguns retoques na nova planta do teatro, já realizados. Assim que o alvará para a obra sair, o próximo passo será abrir as licitações. Segundo as projeções mais otimistas, os trabalhos provavelmente terão início no primeiro trimestre de 2013. Com sua reinauguração, o complexo cultural, que já recebeu sucessos como a peça O Mistério de Irma Vap, promete voltar a ocupar uma posição de referência na cidade.
Por enquanto, a associação apresenta sua cuidadosa programação de concertos na Sala São Paulo e pequenas peças teatrais no Cultura Artística Itaim, aberto em 2009, em parceria com a Fundação Promon. Na nova fase, uma estrutura de sete andares poderá receber balés, shows de orquestras de câmara e musicais. O empresário Roberto Baumgart, um dos donos dos shoppings Center Norte e Lar Center, comprometeu-se a doar mais um piano Steinway, estimado em quase 300.000 reais, para substituir o que ele havia dado ao teatro e que foi destruído pelo incêndio. “Vamos alcançar nossos objetivos”, garante Herz. “A Sociedade tem 100 anos. Não é agora que vamos desistir.”
Reforma no centro
As atrações do novo complexo
– Duas salas: uma principal, com cerca de 1.400 lugares, que poderá receber peças maiores, como musicais, balés e concertos, e outra menor, de capacidade flexível;
– Um café que funcionará também fora do horário dos espetáculos
– Sete andares e 10.500 metros quadrados de área construída
– Projeto acústico com consultoria da experiente Theatre Projects Consultans, da Inglaterra