Tarcísio toma posse como governador de São Paulo
Após 28 anos de PSDB, novo governador terá desafios de montar próprio grupo político e de melhorar índices de educação e segurança do estado
Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Felício Ramuth (PSD) tomaram posse neste domingo (1º) como governador e vice-governador de São Paulo. Tarcísio chegou à Assembleia Legislativa (Alesp) às 9h11 – a cerimônia estava prevista para chegar às 9h – ao lado da esposa Cristiane de Freitas e foi recepcionado pela Guarda de Honra da Polícia Militar e depois recebido pelo presidente da Casa, o deputado Carlão Pignatari.
Além de deputados aliados, alguns dos nomes presentes na cerimônia são o prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB), o presidente do PSD e nomeado secretário de Governo Gilberto Kassab, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto e o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) Paulo Galizia.
Ao lado da Alesp, um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que acampa no Comando Militar do Sudeste exibia faixas pedindo intervenção militar e outras medidas antidemocráticas no momento em que Tarcísio chegou.
No Plenário Juscelino Kubitschek, a solenidade começou com um minuto de silêncio em homenagem a Pelé, que morreu na última quinta-feira (29). Em seu discurso, Tarcísio exaltou aliados políticos, reforçou promessas de campanha, disse que irá “governar para todos” e afirmou que a “atenção às demandas populares deve ser o grande direcionador da ação do Estado”.
Em entrevista à TV Alesp, Tarcísio prometeu “diálogo com os parlamentares” e afirmou que irá trabalhar para fazer o leilão do Rodoanel o mais breve possível.
Fim da era tucana
Aos 47 anos, o ex-ministro de Infraestrutura Tarcísio disputou sua primeira eleição e saiu dela vencedor ao vencer no segundo turno contra Fernando Haddad (PT), com 55,26% dos votos válidos.
A eleição de 2022 representou o fim de uma era tucana nos governos paulistas que durou 28 anos, com o baixo desempenho de Rodrigo Garcia (PSDB), que ficou em terceiro lugar. A escolha do secretariado de Tarcísio, sem nomes indicados pelo PSDB, selou o encolhimento do partido em seu principal reduto. Agora sem a prefeitura da capital e sem o governo do estado, a sigla também não tem maioria na Assembleia Legislativa (Alesp) e deve perder a presidência da Casa em março, já que é esperado que o posto vá para algum deputado do PL.
Tarcísio terá como desafios montar seu próprio grupo político em um estado historicamente tucano, e melhorar índices em diversas áreas do estado, como educação, segurança e saúde.
Tarcísio fez uma campanha colada a do presidente Jair Bolsonaro (PL) – que saiu derrotado nas urnas na disputa federal – prometendo mudanças na gestão de São Paulo, um “secretariado técnico”, com um discurso liberal na economia e com promessas de ampliação de benefícios sociais. A promessa de não cobrar vacinação de servidores públicos também foi pauta frequente durante a campanha.
O novo governador manteve as 23 secretarias de seu antecessor, mas fundiu algumas, como a Infraestrutura, Transportes e Meio Ambiente (que juntou as pastas de Infraestrutura e Meio Ambiente com a de Logística e Transportes), e criou outras, como a Secretaria da Mulher, uma promessa de campanha. A escolha dos titulares foi um misto de nomes que trabalharam com ele no governo federal, indicações políticas – com destaque para o PSD – e nomes técnicos.
Tarcísio é engenheiro e militar da reserva, é casado com Cristiane de Freitas e tem dois filhos. Foi chefe da seção técnica da Companhia de Engenharia do Brasil na Missão de paz da ONU no Haiti. Em 2011, foi indicado a diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Na ocasião, o órgão enfrentava suspeitas de corrupção e Tarcísio teve o papel de reorganizar o local. Em 2014, virou diretor-geral do DNIT, onde ficou até 2015. Foi ministro da Infraestrutura entre janeiro de 2019 e março de 2022.