Tarcísio diz que vai “discutir com especialistas” sobre câmeras da PM
Há uma semana, candidato havia dito explicitamente que retiraria as câmeras corporais, mas agora volta a afirmar que irá "reavaliar" a política se eleito
Ao participar do evento que marcou os 52 anos da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) na manhã desta sexta-feira (14), Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, amenizou o discurso contra as câmeras corporais no uniforme de agentes da Polícia Militar e disse que vai “discutir em conjunto com especialistas” para verificar como “aperfeiçoar a política”.
Na semana passada, em entrevista ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, ele havia prometido explicitamente que iria acabar com o uso do equipamento pelos PMs. Na ocasião, disse que “com certeza” iria retirar as câmeras. Hoje, ele voltou a afirmar que pretende reavaliar a política e analisar dados sobre o tema para verificar se sua percepção pessoal.
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“É uma questão que eu considero que a câmera inibe o policial, acho que ela tem atrapalhado a produtividade, mas isso é uma percepção. Mas o que a gente vai fazer caso seja eleito? Chamar as forças de segurança, avaliar do ponto de vista técnico a efetividade ou não e aperfeiçoamento na política pública. Não existe nenhuma política pública que não possa ser reavaliada, que não possa sofrer melhorias ou mesmo, a gente avaliando que isso está atrapalhando de maneira importante a produtividade, retirar. Mas é uma coisa que a gente vai discutir em conjunto com especialistas”, falou nesta sexta.
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O uso de câmeras “grava-tudo” nas fardas da PM virou tema de discussão entre os postulantes ao Palácio dos Bandeirantes desde a pré-campanha. Em maio, Tarcísio já defendia que a política deveria ser “reavaliada”, e desde então já disse diversas vezes que o uso “diminui a produtividade” dos agentes. Haddad, por sua vez, é um grande defensor da medida e prometeu, na última quinta (13), que não só irá manter como ampliar o uso do equipamento.
O uso de câmeras nos uniformes policiais na PM paulista começou em junho de 2021, de forma gradual, e foi uma medida implementada pelo então governador João Doria (PSDB).
Dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que, no primeiro trimestre do ano passado, houve 159 mortes em confronto com PMs em serviço, enquanto no trimestre seguinte foi 113. Já no terceiro trimestre, quando as câmeras já começaram a ser utilizadas por alguns batalhões, o número caiu para 72, e nos últimos três meses de 2021 houve um ligeiro aumento, com 79 mortes em decorrência de ação policial.
Neste ano, há dados relativos aos dois primeiros trimestres: entre janeiro e março, foram 74 mortes do tipo, enquanto nos três meses seguintes foram 49 pessoas mortas em confronto com policiais militares em serviço.
Próximos passos
O evento de aniversário da Rota contou com a presença do governador Rodrigo Garcia (PSDB) e do prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB), que apoiam Tarcísio. O candidato estava no mesmo palanque, mas em um local mais afastado, e não discursou.
Em conversa com a imprensa ao final da comemoração, o ex-ministro da Infraestrutura afirmou que deve fazer uma agenda conjunta com prefeitos na capital na próxima semana, já que o local foi um “ponto crítico” em sua campanha no primeiro turno – na cidade de São Paulo e grandes cidades da região metropolitana, Fernando Haddad (PT) teve mais votos.
Ele ainda destacou que não decidiu quem comporá seu secretariado caso seja eleito e, sem citar nomes, disse que sua equipe terá critério técnico. “Eu tenho pessoas que estão trabalhando no plano de governo que obviamente poderão participar do governo, se a gente chegar lá, muito mais no sentido de contar que o perfil vai ser técnico e vai ser mesmo. Mas até agora as alianças têm sido programáticas, ninguém pediu cargo”, falou.