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Pai lança livro sobre a luta para curar seu filho de um câncer

Luc Bouveret emociona milhares de seguidores no Facebook falando do tramento do menino Tancrède contra uma leucemia

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 1 jun 2017, 16h14 - Publicado em 9 abr 2016, 00h00
tancrede bouveret
tancrede bouveret (Divulgação/)
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Por volta das 18h30 da segunda (4), Tancrède Cecil Bouveret de Liance, de 11 anos, chegava a sua casa, no Morumbi, depois de permanecer sete horas no Albert Einstein por causa de sessões de transfusão de plaquetas e sangue. “Eu não aguentava mais ficar lá, queria voltar logo para gravar um vídeo novo no meu canal do YouTube”, contou. Ele alimenta na internet a página Wolf Cecil, sobre o jogo Minecraft, mania dos garotos de sua idade.

O tratamento no hospital faz parte de sua luta contra uma leucemia. A recuperação vem sendo acompanhada por milhares de internautas pelo Facebook do terapeuta holístico Luc Bouveret, o pai do menino. Cada post recebe em média 3 000 curtidas e mais de 600 compartilhamentos entre as 22 000 pessoas cadastradas. “Abri o cotidiano da minha família porque acredito que adoença veio para nos ajudar a promover o amor ao próximo”, afirma. Essa história foi transformada no livro O Homem que Deu à Luz, da Bella Editora, com lançamento previsto para o dia 26.

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Os problemas de saúde começaram em fevereiro de 2015. Tancrède havia acabado de voltar de uma viagem com a turma da escola, e chegou tossindo muito, com dificuldade para respirar e febril. O quadro piorou, e, dias depois, o menino deu entrada no hospital com pneumonia. Ele não conseguia se recuperar, e, durante a investigação do caso, os médicos diagnosticaram mielodisplasia, uma doença na medula que afeta a produção de células no sangue.

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Em março, descobriram que o quadro havia evoluído para uma leucemia. “Essa combinação das duas patologias é algo extremamente raro em crianças”, diz Vicente Odone Filho, onco‑hematologistado Einstein e um dos médicos responsáveis pelo caso. A única chance de cura era por meio de um transplante de medula. “Mas o doador tinha de ser procuradofora da família, porque o irmão de Tancrède não tem o mesmo pai e mãe biológicos”, completa o especialista.

Bouveret, o pai do garoto, é francês e trabalhava como antiquário. Durante cinco anos, quando tinha um relacionamento com o decorador Jacques Garcia, tentou ter filhos por meio de barrigas de aluguel, nos Estados Unidos. Tancrède nasceu em 14 de maio de 2004. Prematuro de 27 semanas, passou 43 dias na maternidade, em San Diego, entre a vida e a morte. Em 2008, Bouveret largou a França e mudou‑se para São Paulo com Tancrède e o novo marido, o empresário espanhol David Arzel. O casal teve outro filho, Elzear, nascido em agosto de 2010, também por barriga de aluguel, na Califórnia. “Meus filhos são meios‑irmãos porque foram gerados com os genes da mesma mãe”, explica o terapeuta.

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A corrida contra o tempo para salvar Tancrède da leucemia começou em abril do ano passado. O movimento em uma página da internet e nas redes sociais mobilizou a modelo Isabella Fiorentino, o jogador Neymar e outras celebridades em uma grande campanha junto a instituições que concentram doações de medula óssea na cidade, como o Hemocentro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. O negócio funcionou. Antes da iniciativa, a entidade recebia, em média, vinte pessoas interessadas em fazer o cadastramento por dia. Depois, o número saltou para 300.

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tancrede bouveret ()

A tão esperada medula para Tancrède foi achada no início de julho. Para receber o transplante, ele passou por quase um mês de preparativo. No dia da operação, o paciente ficou duas horas na mesa de cirurgia. Por algumas complicações na fase de recuperação, teve alta apenas três meses mais tarde. No fim do ano, para comemorar, a família viajou para a praia, e o garoto voltou à escola nos últimos dias de janeiro.

Em fevereiro passado, porém, houve uma recaída. Verificou-se que a leucemia tinha retornado. O menino foi hospitalizado no início de março para uma nova sessão de quimioterapia, e saiu de lá após dezessete dias. “Em três semanas,saberemos se a medula produz novas células saudáveis”, postou Bouveret no Facebook. “Serão três semanas em que as suas orações e os seus pensamentosde cura e de amor para Tancrède poderão produzir um novo milagre.”

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Até o fim de abril, ele precisará voltar ao ambulatório do Einstein pelo menos uma vez por semana, para sessões de transfusão de plaquetas e sangue. Se o seu organismo responder ao tratamento, será submetido, em um futuro próximo, a uma infusão de linfócitos do doador, procedimento para reforçar o sistema imunológico.“Após um transplante, a nova medula leva em média dois anos para entrar no esquema de funcionamento normal”, conta o médico Odone Filho.

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Tancrède encara toda essa batalha contra o tumor como se fosse uma fase a ser superada em um videogame particular. “Estou bem. A internet me ajuda a esquecer tudo isso, falar com meus amigos e conhecer mais gente”, diz. “Meu sonho é ser um youtuber com uns 10 000 seguidores.” Embora consciente da gravidade da doença, o pai acha que a força demonstrada pelo garoto desde o início do tratamento não permite a ninguém da família perder o otimismo. “Enfrentar esse drama afetou todos nós aqui em casa”, conta Bouveret. “Ao dividir a história na internet, experimentei a união perfeita com todos em busca da salvação do meu filho”, conclui.

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