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Sócios do BuscaPé são os novos milionários da internet

Quem são os sócios do site de comparação de preços vendido por 600 milhões de reais

Por Giovana Romani
Atualizado em 5 dez 2016, 19h07 - Publicado em 16 out 2009, 16h25

Quando as portas do elevador se abrem, no 12º andar de um prédio de escritórios na Vila Olímpia, lê-se na parede em letras garrafais: “Movido por pessoas que vieram para vencer”. Um clichê e tanto, não fosse ali a sede do BuscaPé, site criado por três estudantes de engenharia cuja venda milionária foi anunciada no último dia 30. O conglomerado de mídia sul-africano Naspers, sócio do Grupo Abril, comprou 91% da empresa por 342 milhões de dólares, o equivalente a 600 milhões de reais. “Sempre soubemos aonde queríamos chegar”, diz o paulistano Romero Rodrigues, sócio-fundador e presidente do BuscaPé. “Só não tínhamos certeza de qual seria o caminho a percorrer.” O ponto de partida foi em 1998, quando Rodrigues cursava engenharia elétrica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Na sala de aula, conheceu os também paulistanos Rodrigo Borges e Ronaldo Takahashi – não é coincidência o fato de todos eles terem nome começado com a sílaba “Ro”, pois a divisão das turmas era feita por ordem alfabética.

Aos 20 e poucos anos, decidiram que era hora de montar seu próprio negócio. Buscaram sem sucesso importar uma tecnologia de automação para segurança residencial e inventaram um software que permitia às pequenas e médias empresas registrar valores de milésimos de reais. “Mas a demanda era muito pequena”, lembra Rodrigues. Mais uma ideia mirabolante dos garotos: criar uma lotérica on-line. Desistiram antes de arranjar confusão com a Caixa Econômica Federal. “Um dia cheguei à faculdade comentando quanto era difícil comprar uma impressora pela internet”, afirma Borges. Veio o estalo. Durante nove meses, os aprendizes de Bill Gates desenvolveram um software que vasculhava os preços e a qualidade de diversas mercadorias oferecidas em lojas virtuais.

Cada um desembolsou 100 reais para pagar as primeiras despesas. Em 1999, entrava no ar o site de comparação de preços BuscaPé, com 35 lojas cadastradas e 30 000 produtos disponíveis. Hoje, ele reúne 600 000 empresas e 11,7 milhões de ofertas, de pente para cabelo (a partir de 40 centavos) a geladeira (a partir de 615 reais). Os fundadores discutiam madrugada adentro os rumos do site e tinham apenas um celular para contato. Não é exagero dizer que a sorte deles virou do dia para a noite. Em 2000, Rodrigues e Borges viajaram às pressas a Nova York, onde participariam de uma reunião. Saíram de lá com um investimento de 3 milhões de dólares do fundo americano Merrill Lynch, do qual permaneceram sócios até 2005. Foi aí que outro acionista, o Great Hill Partners, entrou com um novo aporte de capital. “Passamos para uma fase mais agressiva”, conta Rodrigues. De lá para cá, fizeram uma fusão com seu maior concorrente, o site Bondfaro, fundado pelo carioca Rodrigo Guarino, adquiriram e criaram novas marcas – entre elas o Pagamento Digital, plataforma para intermediar compras on-line que permite o parcelamento por meio de parceria com uma financeira.

O crescimento expressivo chamou a atenção do grupo Naspers, que comprou as ações de sete dos então onze sócios. Rodrigues, Borges, Takahashi e Guarino ficaram na empresa com os 9% restantes, avaliados em cerca de 60 milhões de reais. “Para nós quatro, nada mudou”, afirma Takahashi. Ou quase nada. A ascensão milionária fez do BuscaPé um fenômeno na internet brasileira e, de seus fundadores, estrelas do mercado. Os três criadores paulistanos moram em bairros nobres da cidade e estão conectados a seus smartphones 24 horas por dia. Romero Rodrigues, de 32 anos, ainda não voltou à rotina desde que as negociações começaram, há dois meses. Com a barba por fazer, em nada lembra o estereótipo nerd. O jeitão marqueteiro e despojado lhe rendeu o cargo de porta-voz do BuscaPé. Ele fala com alegria da boa fase, diz que está solteiro… Mas sabe a hora de ficar quieto. O faturamento anual da empresa, por exemplo, não é revelado. Mais tímido, Rodrigo Borges, 33 anos, é o vice-presidente de produtos. Vestindo calça jeans da grife italiana Diesel e camisa social, mostra preocupação com a superexposição. Ele se solta ao descrever as partidas de Nintendo Wii e de air hockey disputadas em uma sala da própria sede, na Vila Olímpia: “Sempre rola um desafio no fim do expediente”. O clima entre eles é de amizade. “Temos perfis completamente diferentes, mas sempre soubemos respeitar as virtudes e deficiências um do outro”, afirma Ronaldo Takahashi, de 34 anos. Dos tempos de Poli, o atual diretor de novos canais da empresa ainda carrega o apelido de “Japonês”. No último dia 3, os novos milionários da internet levaram suas famílias ao restaurante Carlota, em Higienópolis, para celebrar. Têm 600 milhões de motivos para isso.

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Evolução nada virtual

Alguns dos números do site criado pelos estudantes de engenharia

600 000 lojas cadastradas*

62 milhões de usuários por mês

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11,7 milhões de ofertas disponíveis*

13 milhões de preços levantados pelo software diariamente

2 centavos a 1,50 real é quanto as lojas pagam pelo clique em cada um de seus produtos oferecidos, independentemente de a venda ser ou não concretizada

300 reais foram desembolsados pelos sócios para a criação do site, em 1998

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