‘Side Man’, da Broadway, ganha adaptação brasileira
Apresentação mistura jazz e conturbada relação familiar ao longo de quatro décadas
Desde 2006, o diretor Zé Henrique de Paula constrói um repertório considerável ao lado de seu Núcleo Experimental. São montagens como ‘Cândida’ e ‘O Livro dos Monstros Guardados’. O convite para dirigir a versão brasileira de Side Man, lançada na Broadway em 1998, endossa o prestígio alcançado. Drama familiar vendido como musical (não é), o texto do americano Warren Leight parte da amizade entre músicos de jazz por quatro décadas. Esse é o pano de fundo para expor os conflitos de um jovem — interpretado por um surpreendente Alexandre Slaviero — que repassa a relação dos pais, o trompetista Gene (Otávio Martins, ótimo no papel, dos 28 aos 61 anos) e a desiludida Terry (Sandra Corveloni), em meio a sonhos, frustrações e bebedeiras.
O espetáculo sustenta-se em belas imagens e na tocante colcha de retalhos sentimental. No entanto, o primeiro ato se torna fatigante por causa dos longos diálogos dos músicos. Assim como demonstrou cautela diante da dramaturgia, o diretor extrai pouco da atriz Sandra Corveloni, que investiu em extremos de ingenuidade e amargura, esvaziando a personagem. Dos coadjuvantes, o ator Eric Lenate dá um banho de técnica sob a pele do viciado Jonesy e colabora para ‘Side Man’ ser mais um acerto — mesmo que menor — de Zé Henrique de Paula.
AVALIAÇÃO ✪✪✪