Peças do enigmático Sergio Camargo são exibidas no IAC
Uma das surpresas da seleção é um bronze da década de 50

Sergio Camargo está em um momento de alta. Em 2009, uma obra sua foi arrematada por 1,5 milhão de dólares em um leilão da Sotheby’s, em Nova York. Agora, o Instituto de Arte Contemporânea lhe dedica uma boa mostra. Claro Enigma abrange quatro décadas de produção do artista, nascido em 1930. Foram reunidos trinta trabalhos, entre desenhos repletos de anotações (uma mistura de estudos preparatórios e comentários filosóficos), esculturas e os relevos que tornaram célebre o construtivista. O curador Paulo Venancio Filho dispensa, no entanto, o termo retrospectiva. Prefere a palavra recorte. “Procurei evitar coisas do espólio dele, pois são bastante conhecidas, e me concentrei em raridades de coleções particulares”, diz.
Uma das surpresas da seleção é um bronze realizado na década de 50, espécie de figura de corpo retorcido. “Eu o incluí por já trazer à tona a questão do movimento, retomada por ele depois”, conta Venancio. Mais tarde, Camargo encontrou um caminho único ao espalhar, de maneira variada e criativa, pequenos cilindros pelos relevos de madeira — podem ser tanto dois ou três quanto centenas deles. Fez ainda esculturas de mármore de Carrara inspiradas pelo romeno Constantin Brancusi (1876-1957). O título da individual alude a um livro do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, uma ideia do curador. “Ambos têm esse contraste de fazer algo com aparência simples, fácil de gostar, mas que no fundo se revela muito complexo.”
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