Fotógrafo Sebastião Salgado morre aos 81 anos
Além de célebre pela fotografia, também se engajou na luta pela preservação da Mata Atlântica

A VEJA São Paulo conversou com o fotógrafo em maio 2024, na ocasião da abertura da exposição inédita “50 Anos da Revolução dos Cravos em Portugal”, que estava em cartaz no Museu da Imagem e do Som (MIS). Confira alguns trechos da entrevista:
Com mais de cinquenta anos de carreira, ainda há desejos a realizar na fotografia?
O fotógrafo é alguém que não se aposenta, ele vai até o fim fotografando. Estou com 80 anos. Mais dez, no máximo, estou desaparecendo, porque a gente morre entre os 80 e os 90. Então, agora estou trabalhando nos meus arquivos, porque, se eu não o fizer, outras pessoas o farão por mim. Acho que é a hora de começar a mostrá-los.
O que a fotografia representa para você hoje?
É muito interessante que hoje todo mundo imagina que está fazendo fotografia com os celulares. Na realidade, criamos uma nova linguagem de comunicação através da imagem que a gente captura nos nossos telefones. Mas fotografia é outra coisa (mais profunda).
Ela continua sendo o “espelho da sociedade”, como já definiu antes?
A fotografia oferece um recorte representativo da nossa sociedade. Existe um número de fotógrafos hoje que talvez não seja muito diferente do que existiu há vinte ou cinquenta anos. Então, eu acho que a fotografia continua cumprindo esse papel de ser a memória do corpo social do qual ela faz parte. Por exemplo, essa exposição (no MIS) é a lembrança do que eu vi em 1974, quando era um jovem fotógrafo, começando a minha carreira. Hoje, cinquenta anos depois, estamos eu e a minha esposa contando essa história. Para mim, é a demonstração mais clara dessa ideia da fotografia como espelho da sociedade.
Você se descobriu em depressão depois de tudo o que viu durante o trabalho que resultou em Êxodos. É possível fotografar o ser humano sem se envolver profundamente?
Não, não é possível. Você pode até encostar na superfície de uma ação e fazer um registro. Agora, fotografar mesmo, não. Para contar uma história, você tem que se integrar a ela. Em Portugal, por exemplo, eu gastei dois anos para fazer, tinha que ser meu lugar e eu tinha que ter uma identificação visceral com o que estava vivendo. A minha ideologia me levou a estar ali, e aquilo se transformou na minha história também. Esse envolvimento tem que existir nas histórias que você identifica como suas.
Confira a entrevista completa no site da Vejinha.