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São premiados hospitais com maiores números de transplante

Com projeto, governo do estado quer ajudar paciente a escolher instituição mais adequada

Por Camila Antunes
Atualizado em 5 dez 2016, 19h26 - Publicado em 18 set 2009, 20h31

O empresário Serafim Barreiros esperou quatro anos pelo seu transplante de fígado, finalmente realizado em outubro. Ele teve sorte. A doação veio justamente no momento em que o tratamento para hepatite C, iniciado em 1991, já não surtia mais efeito. “Livrei-me das dores e da fraqueza”, conta Barreiro, que aos 60 anos se sente rejuvenescido. “Voltei às aulas de dança e até desfilei no Carnaval.” Histórias bem-sucedidas como essa trazem esperança para as mais de 12 000 pessoas que aguardam em São Paulo na fila da doação de órgãos. Delas, 3 400 esperam um novo fígado, 9 000 buscam um rim e 100 precisam de um coração.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o número de doações de órgãos cresceu 6% de 2006 para 2007, quando 1126 homens, mulheres e crianças foram beneficiados. Na conta não entram os transplantes de córnea. Chamar atenção para essa realidade delicada foi um dos objetivos do governo do estado ao criar neste ano o “Oscar dos transplantes”, realizado na semana passada, três dias depois da festa do cinema em Hollywood. Foram premiados os hospitais que mais realizam tais tipos de cirurgia. O resultado ajuda o paciente a saber qual é a instituição de referência em cada especialidade.

No Brasil, há seis doadores para cada 100 000 habitantes. Nos Estados Unidos são 22 e na Espanha, 34, o melhor índice do mundo. “A maior dificuldade não é convencer a família a permitir a extração dos órgãos”, afirma o médico Reginaldo Carlos Boni, coordenador do departamento de Captação de Órgãos da Secretaria da Saúde. “Pecamos principalmente na identificação de possíveis doadores.” Pesquisa do Ibope aponta que 85% dos paulistanos são favoráveis à doação, embora apenas 43% tenham conversado com a família sobre essa intenção.

Boni explica que o processo do transplante é desencadeado pelo médico da UTI. Ele é responsável por telefonar a uma das quatro centrais de captação de órgãos existentes na cidade e avisar sobre o paciente com morte cerebral (ou a caminho, com quadro irreversível) cuja idade e perfil o tornam um doador potencial. A boa notícia é que no ano passado 350 médicos de cinqüenta hospitais paulistas passaram por um curso de sensibilização e preparo para agir nessas situações (e, em 2008, mais 120 farão o treinamento). “Podemos dobrar o número de transplantes cardíacos em relação a 2007”, acredita Noedir Stolf, presidente do conselho diretor do Incor e da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. Sua aposta se baseia no fato de que só em janeiro seis pacientes receberam um novo coração no Incor – durante todo o ano passado foram dezoito.

Os primeiros por especialidade

(Número de cirurgias realizadas em 2007)

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Coração

Incor (18)

Pulmão

Incor (16)

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Rim

Hospital São Paulo (229)

Pâncreas

Beneficência Portuguesa (15)

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Pâncreas e rim

Hospital São Paulo (30)

Fígado

Albert Einstein (82)

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Córnea

Hospital Oftalmológico de Sorocaba (2 063)

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