São Paulo perde mais de 3 000 árvores em menos de três meses
Número de espécimes que caíram desde janeiro já é maior que o das perdidas no ano inteiro de 2014 e 2015
A cidade de São Paulo perdeu mais de 3 000 árvores em menos de três meses neste ano por causa dos fortes temporais que atingiram a capital durante o verão.
Entre 1º de janeiro e a segunda quinzena de março, 3 153 espécimes caíram, segundo dados da prefeitura. Isso representa a perda de duas por hora. Só no dia 26 de fevereiro, o Corpo de Bombeiros atendeu 390 ocorrências motivadas pela queda de árvores após um temporal na cidade.
Nestes dois meses e meio, caíram mais árvores na capital do que em todo o ano de 2014 e 2015. Segundo a prefeitura, 2 252 espécimes cederam em 2014. Em 2015, foram 2 847.
Ano | Nº de árvores que caíram |
2014 | 2.252 |
2015 | 2.847 |
2016 | 3.282 |
2017 | 3.611 |
2018 | 4.447 |
2019 | 3.153 |
Falta pouco para que essa estatística ultrapasse também as de 2016 e 2017. Isso pode ocorrer até o fim do verão, no dia 20 de março. Até lá, há previsão de pancadas de chuva todos os dias. Em 2016, 3 282 árvores despencaram. Em 2017, caíram 3 611.
São Paulo vem perdendo cada vez mais árvores desde 2014. De lá para cá, a quantidade só tem aumentado, ano após ano, chegando a 4 447 em 2018, praticamente o dobro do que caiu quatro anos antes.
Para o botânico e paisagista Ricardo Cardim, cai muita árvore em São Paulo por falta de investimento. “Esse é um problema histórico na cidade”, diz. “Há um acúmulo de maus tratos nas árvores. Há problema com podas equivocadas, de corte de raízes. E quando as árvores são exigidas pela chuva forte, elas dificilmente resistem.”
O crescimento dessas números preocupa Cardim porque, segundo, ele, as “árvores passam a ser vistas como vilãs”, devido aos estragos que causam quando caem. “A árvore não é vilã. Na verdade, ela é uma vítima da falta de investimento. A floresta urbana merece receber uma importância maior do que vem recebendo”, afirma.
A prefeitura atribui o aumento das quedas de árvores ao fator climático. Em nota, sustenta que o verão de 2019 foi o que mais choveu em São Paulo. “O acumulado de chuvas em janeiro e fevereiro deste ano representou um recorde na série histórica, conforme o Centro de Gerenciamento de Emergências – São Paulo (CGESP): 638,7 milímetros”, diz o texto.
“Além de bastante chuva em forma de temporais fortes localizados, teve frequentes rajadas de vento, incluindo ventos de quase 100 quilômetros por hora no Aeródromo do Campo de Marte”.
A prefeitura afirma ainda que intensificou a fiscalização e a manutenção das árvores na capital. Atualmente, essa fiscalização é feita por 69 agrônomos contratados pela administração para fazer esse trabalho.