Rua no Morumbi é fechada por moradores
A interdição durou apenas 48 horas; depois de denúncia anônima funcionários da prefeitura derrubaram portão
Para tentar barrar a criminalidade, moradores da Rua Antônio de Andrade Rabello, no Morumbi, resolveram por conta própria fechar a via com um portão de ferro, na sexta-feira (19). A ideia de criar o bloqueio surgiu após mais uma investida de bandidos à mansão de Silvio Santos, ocorrida no último sábado de Carnaval — em 2001, Patrícia Abravanel, uma das filhas do apresentador, foi sequestrada ali e passou uma semana na mira da quadrilha. Desta vez, segundo a polícia, um Hyundai Tucson preto foi levado e abandonado no bairro horas depois. Nenhum integrante da família estaria na residência no momento do roubo.
A interdição durou apenas 48 horas. Na segunda-feira passada, após receberem uma denúncia, oito funcionários da prefeitura foram até o local e derrubaram o portão. Aproveitaram para retirar um outro na Rua Heitor Portugal, que dá acesso à Rua Antônio de Andrade Rabello e estaria instalado também irregularmente há dois meses. “Os portões impediam tanto a passagem de carros como a de pedestres, o que é proibido”, explica o subprefeito de Campo Limpo, Luiz Ricardo Santoro. “E só ruas sem saída podem ser fechadas.”
Iniciativas semelhantes estão se tornando cada vez mais comuns entre os paulistanos, como uma reação, à margem do poder público, diante da criminalidade e do trânsito caótico da metrópole. Das 60 000 ruas e avenidas registradas na capital, apenas 425 delas têm o aval da prefeitura para ser fechadas — quase o mesmo número de vias que surgem a cada ano na cidade. A autorização para o fechamento de uma rua tem várias exigências (veja o quadro abaixo). Nos últimos cinco anos, 55 bloqueios irregulares foram retirados pela prefeitura. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 156.
BOLSÕES PARTICULARES
Saiba o que é preciso fazer para fechar uma via da capital
■Apenas ruas predominantemente residenciais, sem saída e com menos de 10 metros de largura podem ser interditadas
■Os interessados no bloqueio precisam da aprovação de 70% dos proprietários dos imóveis da rua em questão
■Em seguida, a proposta deve ser encaminhada à subprefeitura do bairro e à CET. Em média, o pedido leva dois meses para ser deferido ou não
■Vias com alto fluxo de veículos não podem ser fechadas
■O tráfego de veículos é barrado com corrente, cancela ou portão. Mas é obrigatório deixar um espaço de 1 metro aberto para o livre trânsito de pedestres durante todo o dia