Por que os relógios de rua mostram temperaturas diferentes?
Especialistas afirmam que localização do equipamento influencia medição
Avenida Paulista, janeiro, meio-dia. A previsão do tempo diz que a máxima é de 34ºC, o relógio de rua indica 38ºC, mas a sensação é de mais de 40ºC. A cena é comum nesta época do ano, e apesar da diferença gritante, as temperaturas podem, sim, estar todas corretas. Como assim?
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Isso acontece por causa da maneira como são feitas as medições em cada um dos casos. Cada relógio de rua da capital possui um medidor próprio, que fica acoplado ao mobiliário e mede a temperatura naquele ponto específico. Este sensor é influenciado pela presença do sol, de árvores, de correntes de ar e até mesmo de prédios envidraçados ao redor.
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“Na Paulista, por exemplo, o relógio em frente ao Masp sempre tem uma temperatura menor do que o que está a 200 metros dele. O vão livre e o Parque Mário Covas interferem na aferição”, explica Douglas Tsukimoto, diretor de marketing da JCDecaux, empresa responsável pelos relógios de rua em São Paulo. “Conseguimos medir a temperatura em mil pontos da cidade. É uma medição real, feita por um equipamento usado no mundo todo”, diz.
Essa temperatura, muitas vezes, é diferente daquela divulgada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Isso porque as medições do Inmet são feitas no mirante de Santana, em um ponto com maior altitude e com mais área verde ao redor. “Temos um cercado meteorológico naquela região, o medidor fica em uma área gramada para que o calor do solo não interfira”, explica o meteorologista Marcelo Schneider.
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Segundo ele, os termômetros de rua são “relativamente confiáveis” e a principal diferença com os oficiais é a padronização do procedimento. “Eles estão expostos ao sol e à urbanização da cidade. No inverno, ficam na sombra e podem apresentar uma temperatura menor, por exemplo. Já as estações oficiais medem exatamente a temperatura do ar e são melhores para fazer uma comparação hstórica.”
Agora, por que o seu corpo sente muito mais calor do que esse divulgado por aí? Segundo Schneider, há duas razões possíveis: a urbanização e a umidade. Em alguns pontos da cidade, o asfalto pode chegar a 60ºC e libera esse calor, aumentando em até 5ºC a temperatura. Calor mais umidade, formam a fórmula para a chamada sensação térmica, que sempre fica maior em dias mais úmidos. “No ano passado, as temperaturas estavam maiores, mas estava mais seco. Por isso nos últimos dias, há chuvas torrenciais no fim da tarde”, explica o meteorologista.