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Quem foi Ângela Diniz e por que sua história atrai tanta atenção?

A história de seu assassinato na década de 1970 já rendeu podcast, filme e agora minissérie que estreia nesta quinta-feira (13)

Por Raquel Tiemi
Atualizado em 12 nov 2025, 15h44 - Publicado em 12 nov 2025, 15h37
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz na minissérie
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz na minissérie (Reprodução/Reprodução)
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Depois de quase 50 anos, a história de Ângela Diniz continua a chamar a atenção de todos. A socialite da elite carioca, conhecida por sua beleza e personalidade, foi assassinada por seu namorado Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street, com quatro tiros de arma de fogo, em sua própria casa, em Búzios (RJ), em 1976.

Também chamada de ‘Pantera de Minas’, a história e julgamento do assassinato de Ângela já protagonizou o podcast da Rádio Novelo Praia dos Ossos (2020) e um filme, estrelado por Ísis Valverde, Ângela (2023). Agora, o crime vira minissérie da HBO Max, que estreia nesta quinta-feira (13).

Mas afinal, quem foi Ângela Diniz e por que sua história continua atraindo interesse da população brasileira?

Quem foi Ângela Diniz?

Nascida em Curvelo (MG), desde muito jovem, Ângela foi tema de colunas sociais dos tabloides. Porém, passou a ter mais destaque e ganhar a fama de “Pantera de Minas” quando se separou de seu marido Milton Villas Boas.

Na época, o divórcio não existia e a socialite teve um desquite, a dissolução dos cônjuges e seus bens, mas sem a possibilidade de um novo casamento.

A personalidade livre de Ângela, que teve diversos companheiros e relacionamentos após a separação, causava certa inquietação na sociedade da época. Inquietação esta que foi usada até mesmo para justificar seu próprio assassinato.

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Julgamento da vítima

Em 30 de dezembro de 1976, depois de Ângela terminar seu relacionamento já marcado por episódios de violência, Doca a assassinou com quatro tiros e fugiu. Depois de meses foragido, ele passou por seu primeiro julgamento três anos depois, em 1979.

“Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”, declarou Carlos Drummond de Andrade. “Vênus lasciva” e “prostituta de alto luxo” foram alguns dos temos utilizados na defesa do réu para se referir a assassinada, Ângela Diniz. 

A defesa de Doca Street, liderada por Evandro Lins e Silva, voltou seus esforços para alegar que o assassinato se tratava de um crime passional e que o réu em questão estava “defendendo sua honra”.

Apesar do argumento não estar presente no Código Penal da época, a chamada “tese da legítima defesa da honra” era amplamente utilizada na justiça da época para justificar casos em que o homem matava sua companheira em casos de adultério, por exemplo.

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A reputação de Ângela foi utilizada como justificativa para o crime de Doca. “Senhores jurados, a mulher fatal encanta, seduz, domina […] Às vezes, a reação violenta é a única saída”, disse Evandro no julgamento. 

Ao final deste primeiro julgamento, o réu foi condenado a dois anos de reclusão, sob a tese de homicídio passional com excesso na legítima defesa. Porém, como já havia cumprido um terço da pena, saiu andando pelas portas do tribunal ao lado de seu advogado.

‘Quem ama, não mata’

Apesar de não ser considerada feminista, o julgamento do assassinato de Ângela Diniz impulsionou o movimento político, especialmente após o desfecho do primeiro julgamento de Doca Street.

A famosa frase ‘Quem ama, não mata’ foi levantada pelas feministas de época que chegaram a acampar em frente ao Fórum de Cabo Frio (RJ), onde acontecia o processo. Dois anos depois, o clima do julgamento que em 1979 aparentava favorável ao réu mudou e, em 5 de novembro de 1981, Doca Street foi condenado a 15 anos de reclusão por homicídio qualificado.

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Discussão atual

Em 2023, a tese da “legítima defesa da honra”, utilizada por Evandro Lins e Silva na defesa de seu cliente foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em decisão unânime.

“A sociedade ainda hoje é machista, sexista, misógina e mata mulheres apenas porque elas querem ser donas de suas vidas”, afirmou a ministra Cármen Lúcia durante seu voto há dois anos. 

De acordo com o Mapa Nacional da Violência de Gênero, só no primeiro semestre de 2025, foram registrados 718 feminicídios no país. O levantamento apontou para uma média de 187 estupros por dia e 86 mil denúncias de violência durante o mesmo período.

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