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Quem é a delegada responsável pelos grandes eventos de São Paulo

Fernanda Herbella é primeira mulher a chefiar a “delegacia dos turistas”, com sete unidades no estado

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 nov 2024, 14h59 - Publicado em 8 nov 2024, 08h00
Fernanda Herbella, em Interlagos: preocupação com os turistas
Fernanda Herbella, em Interlagos: preocupação com os turistas (Nina Jacobi/Veja SP)
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Poucos dias antes do jogo entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, ocorrido em setembro, na Neo Química Arena, válido pela National Football League (NFL) — foi a primeira partida oficial da liga de futebol americano no país —, alguns atletas dos Eagles manifestaram a insatisfação de atuar no Brasil. “Já nos disseram para não sairmos do hotel (…) não podemos fazer muita coisa porque a taxa de criminalidade é louca”, afirmou o atleta Darius Slay.

Independentemente dos índices criminais paulistas, o evento, que recebeu mais de 7 000 estrangeiros, incluindo o jogo e uma fan fest no Parque Villa-Lobos, foi considerado um sucesso. “Não tivemos problema de segurança, foi superseguro, feliz”, afirma a delegada Fernanda Herbella, divisionária da Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur).

Presente nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Viracopos (Campinas), além do Porto de Santos e estádios de futebol, entre outros pontos fixos, a Deatur tem um total de sete delegacias e está sob o comando de Herbella desde 2022.

NFL em Itaquera
NFL em Itaquera: mais de 5 000 estrangeiros (Leandro Bernardes/Getty ImAgeS/Divulgação)

Quando há um grande evento, como NFL, Fórmula 1 ou Tomorrowland (ocorrido em Itu, no mês passado), a divisão envia um ônibus-delegacia que evita grandes deslocamentos por parte de vítimas.

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“O turista está muito vulnerável, está longe de casa, da família, do médico. Se levam a mochila dele, com cartão e celular, remédio e óculos de grau, por exemplo, ele fica em vulnerabilidade. Se ele for à delegacia e receber só um papel, os problemas continuam sem ser resolvidos. Por isso prestamos um atendimento mais acolhedor, acionamos os consulados, temos contatos com pessoas de outros países, chamamos intérprete”, afirma a delegada.

Fernanda, em Itaquera: evento de sucesso
Fernanda, em Itaquera: evento de sucesso (Arquivo pessoal/Divulgação)

Além da atuação na ponta, a Deatur também age de maneira prévia no planejamento dos acontecimentos. Seja na NFL, com a preocupação dos americanos com a segurança, seja na Fórmula 1, que já faz parte do calendário da cidade, a delegacia realiza simulados e encontros de alinhamento não só com outras forças policiais, mas também com setores de serviços.

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“Fazemos reuniões com hotéis, gestores de estádio, sempre para mostrar o planejamento de nossas atuações. Se houver alguma ocorrência fora dos locais de eventos, todos sabem para onde os turistas devem ser encaminhados”, conta a delegada, que começou a trabalhar com o público de eventos em 2014, antes da Copa do Mundo.

“Gastamos um bom tempo com a prevenção. Se uma única pessoa ler nossa cartilha e não cair num golpe, olha como nosso trabalho valeu a pena.”

Livro e algemas: coleção
Livro e algemas: coleção (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Com 46 anos de idade e 27 anos de polícia (foram cinco anos como investigadora), Fernanda Herbella é uma das dezesseis delegadas paulistas de classe especial (o topo da carreira). Os outros 125 cargos no mesmo patamar são ocupados por homens. “Fui a primeira mulher a assumir minha divisão desde sua criação, em 1990. Sempre defendi que as mulheres tenham igualdade de condições dos homens, mas as escolhas têm que ser pela competência, não pelo gênero.”

Além de chefiar a “delegacia dos turistas”, como a Deatur é conhecida, Fernanda Herbella, que é doutora em direito pela PUC, também leciona na Academia de Polícia. Em 2008, ela lançou o livro Algemas e a Dignidade da Pessoa Humana, fruto de uma atualização de sua dissertação de mestrado. “Foi em uma época em que não havia uma norma e o tema acabou decidido logo depois pelo Supremo Tribunal Federal”, conta.

Além de estudar o assunto, a delegada, que é paulistana, casada e mãe de um menino, tem uma coleção de mais de sessenta algemas, algumas compradas em leilão.

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Coleção de distintivos
Coleção de distintivos (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Parte delas poderá ser usada nos próximos dias, caso sua equipe consiga prender os integrantes da torcida organizada Mancha Alviverde que fizeram uma emboscada contra o ônibus que levava torcedores do Cruzeiro.

Na ação, ocorrida na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, no interior, em 27 de outubro, um cruzeirense foi morto. A delegada dos grandes eventos, claro, também corre atrás de bandidos.

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Publicado em VEJA São Paulo de 8 de novembro de 2024, edição nº 2918.

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