Quadro: “Operários”, de Tarsila do Amaral
Obra exibe a força do estilo da artista ao retratar a diversidade cultural da população paulistana

Nascida em Capivari, no interior do estado, Tarsila do Amaral (1886-1973) cumpriu um papel fundamental na linha do tempo da arte brasileira. A boa posição financeira herdada da família permitiu a ela viajar para a Europa várias vezes para estudar. Em uma dessas viagens, em 1923, ao lado do namorado Oswald de Andrade, travou contato com a vanguarda em uma Paris efervescente. A influência marcou sua produção. “Operários”, a obra mais votada pelos especialistas ouvidos por VEJA SÃO PAULO, foi pintada somente em 1933 (pertence hoje ao acervo do governo estadual), mas exibe a força do estilo de Tarsila ao retratar a diversidade cultural da população paulistana e, ao fundo, chaminés e fábricas em formas geométricas. A artista estava engajada na esquerda desde que visitara a União Soviética. “‘Operários” é um marco porque consegue traçar um paralelo perfeito entre o tema proposto na tela e a grande revolução industrial na qual São Paulo estava envolvida naquele momento”, diz a historiadora da arte e curadora Maria Alice Milliet. “Tarsila consegue ainda dar conta da forte imigração. Muitos povos diferentes aparecem ali”, completa o crítico e professor de filosofia medieval da USP Lorenzo Mammì. Outros trabalhos de Tarsila do Amaral foram lembrados pelo júri, a exemplo de “A Negra” (1923) e “São Paulo” (1924). Sobre o último, o diretor executivo da Pinacoteca, Marcelo Araujo, destaca a união da identidade local com as vanguardas estrangeiras, em busca de uma personalidade própria: “É o que a cidade continua fazendo até hoje”.
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VOTARAM
• Emanoel Araújo, escultor e diretor do Museu Afro Brasil
• Lorenzo Mammì, crítico e professor de filosofia medieval da USP
• Marcelo Araujo, diretor executivo da Pinacoteca do Estado
• Maria Alice Milliet, historiadora da arte e curadora
• Paulo Herkenhoff, crítico e curador
• Paulo Pasta, pintor