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Com quase 60 anos, psicóloga decide virar drag queen

Ana Cristina de Sá encarna a personagem Anitta Volcano

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 7 jun 2019, 17h11 - Publicado em 4 jun 2019, 10h48

Aos 59 anos, a psicóloga Ana Cristina de Sá decidiu realizar um sonho antigo: se montar de drag queen. A moradora de Perdizes não sabia até poucos meses atrás que mulheres também podem criar seus personagens – pensava que se tratava de uma arte exclusiva aos homens.

Tudo aconteceu por acaso. Fã da série de TV americana RuPaul´s Drag Race, reality show de drags, ela comprou ingressos para uma festa na qual uma das ganhadoras do programa, Trinity The Tuck, se apresentou no último dia 4. Após receber uma mensagem da página do evento no Facebook sobre a apresentação, resolveu mandar um relato sobre seu desejo.

“Escrevi que sempre quis me montar de drag queen”, conta. “Às vezes, falava que queria nascer homem para poder entrar nesse mundo.” Para sua surpresa, a festa Priscilla acabou postando a mensagem no Facebook. Logo, começaram a aparecer interessados em ajudá-la.

Foi então que Ana conheceu Bruna Tieme, de 22 anos, que se apresenta em casas como Cabaret da Cecília, no centro, na pele da drag Ginger Moon. Junto com a namorada, Iara De Valentin, Bruna fez amizade com a psicóloga. Depois, as duas partiram para a missão principal: criar uma identidade para a nova amiga.

Nasce Anitta Volcano

“Sempre fui apaixonada pelas mulheres dos anos 20”, diz Ana. A base para os traços da maquiagem foi um retrato antigo de sua avó. Após alguns esboços e três horas passando produtos como base em três camadas, nasceu Anitta Volcano.

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Anitta é o primeiro nome da avó. Volcano veio do trecho de uma música da cantora Corinne Bailey Rae, Call Me When You Get This. “Tem uma hora que ela canta ‘these little volcanoes came as a surprise to me‘ [esses pequenos vulcões surgem como uma surpresa para mim]”.

A avó de Ana foi a principal inspiração para a maquiagem (Arquivo pessoal/Veja SP)

O figurino foi fruto de muito bater de pernas por lojinhas do centro. “A roupa a gente consegue improvisar. A peruca aprendi a modelar no YouTube. A parte mais cara é a maquiagem.” Ela virou Anitta pela primeira vez alguns dias antes da festa, para testar o novo visual. No dia do evento, ela lembra: “Foi um sucesso, muitas pessoas pediram para tirar fotos, não parava de sorrir.”

Quem é Ana Cristina de Sá?

Ana cresceu na Barra Funda, na Zona Oeste da capital. Formada em enfermagem, pedagogia e psicologia, até os 36 anos se definia como heterossexual. “Uma colega de trabalhou deu em cima de mim, o que me deixou muito irritada e me chamou atenção, por ser psicóloga”, lembra. Depois da primeira experiência com uma mulher, assumiu a nova sexualidade para a família.

A orientação levou Ana a explorar cantos destinados ao público: frequentava salas do bate-papo UOL voltadas a mulheres gays, bares, e passou a ir à Parada LGBT. “Junto com minha primeira esposa, com que fui casada durante dez anos, ficávamos encantadas com as drags do desfile”, recorda.

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A paixão por esse universo se acentuou com sua segunda parceira, com quem ficou por onze anos, até se separarem no mês passado. “Íamos a uma boate, a Blue Space (na Barra Funda), onde as drags se apresentavam.” Depois disso, passou a frequentar a casa e áreas da cidade conhecidas por concentrarem esse público, como a Avenida Ipiranga, no centro.

Depois de duas décadas trabalhando como enfermeira, atuou por dezessete anos como professora em universidades a exemplo de Anhembi Morumbi, Unifesp e São Camilo. Aposentada, atende como psicóloga em sua casa em Perdizes.

Planos para o futuro

A meta é se focar no projeto drag queen. “No segundo semestre, Anitta Volcano vem com tudo. Quero ir às festas no Cabaret da Cecília. Enquanto isso, vou aprendendo tudo sobre esse mundo nos tutorias do YouTube”, afirma. Mas Ana não precisará ficar presa apenas ao “ensino à distância”. “Quero dar aulas para ela aprender como se montar sozinha. Fiquei muito comovida com a história”, diz a amiga Bruna.

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