Protesto contra Dilma leva milhares à Paulista
Segundo cálculos da Polícia Militar, 1 milhão de manifestantes estiveram no local. Datafolha contabilizou 210 000 de pessoas
O protesto contra a presidente Dilma Rousseff (PT) neste domingo (15) levou milhares de pessoas à Avenida Paulista. Os atos contra o governo também foram organizados em pelo menos outras 150 cidades do país. Também houve mobilização de brasileiros que moram em Miami, Nova York e Londres.
De acordo com a Polícia Militar, 1 milhão de pessoas estiveram presentes no principal cartão-postal da cidade. O Instituto Datafolha, no entanto, contabilizou 210 000 manifestantes, o que torna o protesto de 15 de março a maior manifestação política da capital após a campanha das Diretas Já, há 31 anos.
A passeata desde domingo, que se concentrou entre a Rua da Consolação e a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, foi impulsionada por vários grupos nas redes sociais, sendo os principais os movimentos Vem Pra Rua, Revoltados ON LINE e Movimento Brasil Livre. Partidos políticos, como o PSDB, de Aécio Neves, e o Solidariedade, de Paulinho da Força, também apoiaram oficialmente o ato. Presidente tucano, Aécio, derrotado no pleito presidencial de 2014, não foi às ruas, mas divulgou vídeo apoiando a população que compareceu aos protestos. “Não vamos nos dispersar”, disse.
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Além do pedido de impeachment da presidente, alguns grupos também clamavam por intervenção militar no Brasil, ato ilegal e que contraria a Constituição Federal. Os protestos de domingo, que refletem o descontentamento com o governo da presidente Dilma, coincidiram com as comemorações dos 30 anos do restabelecimento da democracia no país.
Embora o movimento na Paulista tenha começado já na manhã de domingo, o ato só ganhou corpo a partir das 13h, quando uma multidão vestindo a camisa da seleção brasileira de futebol chegou ao local. Entoando palavras de ordem, como “Fora, Dilma”, “Fora, PT”, carregando cartazes contra o governo -alguns inscritos em inglês- e envergando camisetas ironizando a presidente e seu partido, os manifestantes fizeram protesto pacífico.
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Voluntária do Movimento Vem Pra Rua, Ana Ribeiro passou a tarde vendendo camisetas que ironizavam a deficiência de Lula. Em pouco mais de duas horas, havia comercializado 250 unidades da roupa amarela com o desenho de uma mão com quatro dedos e a palavra “basta”. Cada uma custava 25 reais. O dinheiro, segundo ela, será usado para ajudar nos gastos com carro de som e outras despesas da ONG.
A socialite Rosangela Lyra, ex-diretora da Dior no Brasil, vestiu, literalmente, a camisa com a crítica ao ex-presidente. Entre algumas personalidades que marcaram presença, Ronaldo foi uma das que mais chamaram a atenção. O ex-jogador chegou à Paulista vestindo a camiseta confeccionada pela grife Sergio K, que traz a mensagem “A culpa não é minha, eu votei no Aécio”.
Apesar de ter ficado apenas 10 minutos no protesto, o Fenômeno teve tempo de subir em um carro de som e ficar ao lado da cantora Wanessa Camargo, que cantou o Hino Nacional.
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O protesto seguia sem nenhum incidente, quando a Polícia Militar deteve vinte integrantes do grupo Carecas do Subúrbio. De acordo com a polícia, eles portavam 37 morteiros, spray de gás pimenta e socos-ingleses. Levados para o 2º DP, no Bom Retiro, eles foram liberados no fim da noite de domingo.
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Pronunciamento e panelaço
Por volta das 20h, quando a manifestação chegava ao fim, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) deram entrevista coletiva. Durante o pronunciamento, moradores de diversas cidades do país voltaram a fazer um panelaço, assim como ocorreu no domingo (8), durante fala da presidente. Em São Paulo, houve registros de manifestações em bairros Moema, Jardins, Mooca, Tatuapé e Higienópolis.
Pelo menos outros 100 municípios brasileiros registraram protestos neste domingo (15). As manifestações manifestações ganharam repercussão internacional: veículos como Le Figaro e Financial Times destacaram a insatisfação da população brasileira. O britânico The Guardian disse que os protestos reuniram centenas de milhares de pessoas “predominantemente brancas e de classe média”. O americano The New York Times entrevistou manifestantes que pediam que a “marinha e o exército salvassem o país do comunismo”.