Prisões de estupradores aumentam 60% no estado em 2022
Levantamento compara 5 primeiros meses com o mesmo período de 2019; houve aumento de casos em que abusador tem vínculo com a vítima
De janeiro a maio de 2022, foram presas 630 pessoas envolvidas em casos de estupro e estupro de vulnerável no estado de São Paulo, um número 60% maior em comparação ao mesmo período de 2019, ano pré pandemia da Covid-19, quando foram presos 393 acusados de cometer os delitos. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Somente em maio deste ano, foram 109 prisões.
+ Garoto morre ao encontrar arma do pai na cozinha e atirar na cabeça
As informações dos boletins de ocorrência analisados no período ainda mostram um aumento nos casos de estupro em que a vítima conhecia o criminoso: foram 53,1% a mais de casos em que havia um vínculo, e uma queda de 54,8% dos casos envolvendo desconhecidos.
A coordenadora das Delegacias da Mulher do estado, Jamila Jorge Ferrari, acredita que o aumento de prisões se dá por causa do aumento das denúncias, que possibilitam a ação das Polícias Militar e Civil. “A volta das aulas presenciais de alguma forma também ajuda neste sentido, porque crianças e adolescentes têm onde buscar ajuda e falar do que está acontecendo. Além disso, muitas dessas denúncias estão acontecendo porque as pessoas estão tendo consciência da importância de denunciar. Ao denunciar, a gente consegue saber do crime, é possível fazer prisão em flagrante, pedir a prisão preventiva”, avalia.
Jamila destaca a importância de campanhas de conscientização que explicam que o estupro pode ocorrer em qualquer lugar, desmistificando uma visão antiga de que o abuso ocorre apenas na rua, por desconhecidos. “Tem se falado muito nisso, e é preciso explicar que não é porque é seu marido que ele não comete estupro, ou as crianças, que muitas vezes são vítimas dos próprios parentes. Tem que denunciar porque isso não é normal, e quanto mais a gente denuncia, mais a gente consegue criar políticas públicas”, afirma.
É possível denunciar violência contra mulheres, inclusive de forma anônima, pelos canais Disque 100 e Disque 180.