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Quem é a primeira travesti a se formar no Largo do São Francisco

Victória Dandara, nascida em uma família pobre de Itaquera, hoje atua na área de direitos humanos e é consultora de diversidade

Por Clayton Freitas
Atualizado em 28 Maio 2024, 09h04 - Publicado em 3 mar 2023, 06h00
Mulher em pé no salão nobre da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco
No salão nobre: história particular na escolha do curso de direito (Wanezza Soares/Veja SP)
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Primeira pessoa declaradamente travesti a se formar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Victória Dandara Toth Rossi Amorim, de 24 anos, foi a responsável pelo juramento da turma 191. Envolta em uma bandeira trans sobre o tradicional traje de formatura, ela ainda fez questão de homenagear ativistas como Jovanna Baby, Kátia Tapety, Sara York, Dandara dos Santos e Xica Manicongo. “Esses nomes foram os responsáveis por eu estar aqui hoje e eu espero ser responsável também por outras meninas chegarem a esse espaço”, disse.

Filha mais velha de uma família composta por quatro irmãos, Victória Dandara nasceu em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, ao lado do que hoje é a Neo Química Arena, o estádio do seu time do coração, o Corinthians. Aluna aplicada, sobretudo por influência da mãe, ela conseguiu, aos 14 anos, uma bolsa integral para estudar no Colégio Marista Arquidiocesano, na Vila Mariana (Zona Sul), local que foi um divisor de águas, segundo conta. “Estar lá possibilitou a minha transição”, afirma. O Victória foi escolha da mãe; e o Dandara, dela; como forma de homenagear a guerreira negra que lutou ao lado de Zumbi dos Palmares. Entretanto, na escola, ela não era chamada pelo nome social nem podia usar o banheiro feminino. A saída foi atravessar a rua e ir aos banheiros de um shopping.

Bandeira rosa, azul e branca: representatividade
Bandeira rosa, azul e branca: representatividade (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Esses dois problemas foram dirimidos quando ela foi selecionada para estudar direito na USP, apesar de, vez ou outra, ser vítima de transfobia. Segundo conta, a escolha pelo curso está relacionada a uma triste recordação de sua infância, quando sua mãe, vítima de violência doméstica, se separou de seu pai e foi coagida por advogados dele. “Ameaçaram a minha mãe dizendo que tirariam a nossa guarda dela. Eu olhava aquilo, achava um absurdo e pensava que, se tivesse oportunidade, faria diferente.” Fez e está fazendo. Na faculdade, prestou assistência jurídica a pessoas de baixa renda e atuou em ONGs; e, hoje, advoga na área de direitos humanos, além de ser consultora de diversidade.

Publicado em VEJA São Paulo de 8 de março de 2023, edição nº 2831

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