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Enem: Super-heróis em sala de aula viram estratégia de ensino

Professores estão usando histórias de Capitão América, Hulk e Superman para contextualizar conteúdos cobrados na prova

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 27 dez 2016, 16h03 - Publicado em 22 ago 2016, 11h15
Redação Enem
Redação Enem (Carlos Cecconello/Folhapress/Veja SP)
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A nova estratégia adotada por cursinhos e colégios paulistanos para ajudar os alunos na preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são os super-heróis. Mas a ajuda não vem por meio de superpoderes. Os professores estão usando histórias de Capitão América, Hulk e Superman para contextualizar conteúdos cobrados na prova, como a Guerra Fria, as mutações e os tipos de radiação.

Professor de Biologia do Colégio Mopi, no Rio, Luiz Rafael da Silva levou as histórias em quadrinho para a sala de aula porque desde criança já usava esse formato para estudar. “Na adolescência, eu fazia desenhos e criava histórias em quadrinhos. Depois, emprestava para os colegas para ajudá-los a estudar”, diz. 

A estratégia ressurgiu quando ele viu a dificuldade dos alunos em entender como alguns conteúdos cobrados nos vestibulares podem ser vivenciados no dia a dia. Silva explica ainda que, em um momento em que os estudantes estão sofrendo com a pressão das provas, exemplos que trazem referências de cultura pop ajudam a descontrair a aula. “Explico divisão celular com exemplos de X-Men e Hulk. É uma forma de tratar o conteúdo de forma mais divertida. Ajuda a quebrar resistências e preconceitos que eles possam ter com a disciplina.”

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No Colégio Liceu de Artes e Ofícios, no centro de São Paulo, os quadrinhos foram usados como estratégia para aproximar os alunos de conteúdos da literatura que sofrem maior resistência, como a antiguidade clássica. “Relacionamos os heróis gregos aos personagens modernos. É um exercício interdisciplinar, que junta história, literatura e redação”, disse Emmanuel Souza, coordenador da disciplina na escola. 

Para Claudio Hansen, professor de Geografia do Descomplica – plataforma online de aulas de preparação para o vestibular –, a estratégia de usar exemplos da ficção é ainda mais eficiente para provas como o Enem, que tem um foco maior em avaliar a capacidade do aluno em contextualizar e interpretar do que a cobrança exclusiva de conteúdos. “O Enem não cobra os conteúdos de forma direta, as questões sempre exigem interpretação e análise dos alunos. Com esse exercício, estimulamos os estudantes a pensar dessa forma.”

Ele não fala apenas sobre as histórias dos quadrinhos, mas o contexto em que foram criados os personagens. O Capitão América, por exemplo, surgiu durante a Segunda Guerra Mundial para estimular o patriotismo americano. E o personagem já foi tema de uma questão do Enem em 2012. 

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Hábito

Felipe Victor Lima, professor de História do Colégio Marista Glória, no Cambuci, centro de São Paulo, diz que os quadrinhos servem como fonte histórica para a análise de alguns conteúdos. “Entender como e por quê personagens como Superman e Mulher Maravilha surgiram em determinado momento é um exercício de análise histórica importante para a formação do aluno.”

Ele conta que a maioria dos jovens não tem mais o hábito de ler quadrinhos, mas conhece as histórias pelos filmes. “Sempre que trago algum exemplo, um ou outro aluno depois me conta que reviu o filme ou foi atrás da história original para comprovar o que comentei em sala.”

É o caso de Alessandra Santos, de 18 anos, que vai prestar o Enem pela segunda vez neste ano para tentar entrar no curso de Administração. Ela diz que, ao ouvir os exemplos de super-heróis nas aulas, começou a ler as histórias do Capitão América e dos X-Men. “Leio nos momentos que reservo para o lazer e relaxamento mas sempre acabo relacionando com algum conteúdo que já estudei. Então, sinto que não estou desperdiçando meu tempo de estudo.”

Ela só tinha visto os filmes dos personagens, mas pegou emprestadas as revistas do irmão para ler a história original e completa. “Quando estava lendo o Capitão América, fiquei curiosa para entender mais sobre a Segunda Guerra Mundial. E depois pesquisava informações na internet.”

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