Prefeitura estuda proibir estacionamento em vias de trânsito intenso
Prefeitura quer proibir estacionamento em algumas ruas e avenidas a partir de abril. A idéia é oferecer mais faixas de rolamento para desafogar o tráfego
Vamos começar fazendo uma conta. Nos 2,5 quilômetros da Rua Oscar Freire, descontando cruzamentos e guias rebaixadas, cabem 500 carros estacionados. Uma faixa de rolamento livre comporta um tráfego de 800 carros por hora. Conclusão: se o estacionamento fosse proibido ali nos horários de pico (das 7h às 10h, e das 17h às 20h), donos de automóveis e comerciantes da região poderiam espernear, mas a via comportaria um fluxo de 9 600 carros a mais nessas seis horas. “É como trocar um cano de 3 polegadas por um de 5”, compara o engenheiro Jaime Waisman, professor da USP. “Vai passar mais água.”
Após sucessivos recordes de lentidão nas duas últimas semanas – na quinta (13) à noite foram 218 quilômetros –, o secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes, anunciou que estuda algumas medidas para melhorar o trânsito de São Paulo. Entre elas a proibição de estacionar nos horários de pico em ruas de fluxo intenso que cortam grandes avenidas, como Nove de Julho e Cidade Jardim. “Esperamos uma grande redução dos congestionamentos”, afirma Moraes, sem dar detalhes do projeto.
Acabar com a oferta de estacionamento em vias públicas é uma ação barata e eficaz para inibir o uso de automóveis. “Todas as grandes metrópoles do mundo adotaram essa solução”, diz Alexandre Zum, engenheiro de tráfego. Para funcionar de fato, como qualquer proibição, é preciso fiscalizar, fiscalizar e fiscalizar. “Se o veículo estiver parado numa dessas vias no horário em que o estacionamento estiver proibido, precisa ser guinchado”, afirma Nelson Maluf El-Hage, ex-presidente da CET.
Eliminar parte das 30 000 vagas de Zona Azul para desestimular o uso dos carros é uma idéia antiga. A lógica parece simples: como os preços dos estacionamentos na cidade são elevadíssimos (a primeira hora na região dos Jardins chega a 15 reais), alguns motoristas poderiam migrar para o transporte público ou fazer menos viagens, deixando o carro em casa. Apesar de pontual, trata-se de uma boa notícia na engarrafada São Paulo de 6 milhões de veículos.