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Praça Victor Civita vira praça ecológica

A Praça Victor Civita, em Pinheiros, recupera terreno degradado e vira símbolo da sustentabilidade

Por Alessandro Duarte
Atualizado em 5 dez 2016, 19h28 - Publicado em 18 set 2009, 20h29

Entre 1949 e 1989, o terreno de 13 648 metros quadrados na Rua Sumidouro, a poucos metros da Marginal Pinheiros, abrigou um dos três incineradores de lixo domiciliar, hospitalar e industrial da cidade. Diariamente, eram processadas cerca de 200 toneladas de detritos. Em 2002, o local recebeu uma cooperativa de reciclagem. O grupo saiu dali quatro anos depois, quando a Editora Abril, que publica Veja São Paulo, realizou estudos mais aprofundados para transformar o espaço em uma praça – as tratativas entre a empresa e a prefeitura para a realização da parceria haviam começado em 2001. Técnicos descobriram então que o solo estava contaminado por metais pesados como alumínio, chumbo, zinco e outras substâncias tóxicas. Isso inviabilizava sua ocupação sem um intenso trabalho de revitalização. O histórico do terreno e seu estado fizeram com que surgisse a idéia de transformá-lo na Praça Victor Civita – Espaço Aberto da Sustentabilidade. Além de criar mais uma área verde em São Paulo, o projeto se tornou um símbolo de como recuperar um terreno extremamente degradado.

Quando for inaugurada, em outubro, a praça, que homenageia Victor Civita (1907-1990), o fundador da Editora Abril, terá arena com arquibancada para 250 pessoas, centro de convivência para a terceira idade, ateliê para oficinas de educação ambiental, bosque e espaços destinados a intervenções artísticas. Sua implantação custará 10 milhões de reais, bancados pela Abril, vizinha do terreno, pela construtora Even, responsável pelas obras, e pelo Banco Itaú. Para resolver a questão da contaminação acrescentou-se uma camada de 30 centímetros de terra a toda a área e isolaram-se pontos considerados perigosos. Aproximadamente 3 500 metros cúbicos de terra nova foram despejados ali, o suficiente para encher quase duas piscinas olímpicas. Mesmo assim, optou-se pela construção de deques, para que os visitantes não tenham contato com o solo. “Apesar de não haver riscos, essa é uma forma de estimular a reflexão sobre a responsabilidade social em relação ao lixo”, afirma a arquiteta Adriana Levisky, autora do projeto, em parceria com a também arquiteta Anna Júlia Dietzsch.

Todas as intervenções seguem preceitos de sustentabilidade. As 350 toneladas de aço usadas na construção foram fornecidas por uma empresa que usa 80% de material reciclado no produto; a madeira é legalizada; parte da iluminação será garantida por energia solar; e sob a vegetação ficarão reservatórios para armazenar a água da chuva, que será usada depois na irrigação. “A Praça Victor Civita está inserida numa região que passa por um processo de transformação e é carente de áreas verdes”, diz o engenheiro civil Nilton Nachle, subprefeito de Pinheiros. “A qualidade de vida das pessoas que moram ou trabalham no entorno vai melhorar muito.”

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