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Polícia investiga se motoboy se jogou de prédio do TRT por vingança

Carlos Ti On Martins Kon Tein pulou do 17º andar com o filho no colo, Brayan, de quatro anos. Ele deixou um bilhete dizendo que estava com problemas pessoais

Por Adriana Farias
Atualizado em 27 dez 2016, 15h53 - Publicado em 29 ago 2016, 19h30
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O motoboy Carlos Ti On Martins Kon Tein, de 41 anos, que se jogou nesta segunda-feira (29) do 17º andar do Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, na Barra Funda, deixou um bilhete no bolso da calça falando sobre sua intenção. “Oi, estou com problemas pessoais. Brayan, filho, às vezes tem um suicida na sua frente e você não vê”, escreveu ele, junto com as anotações dos telefones do irmão, da mãe e da avó. Ele pulou com a criança de quatro anos, no colo. Os dois morreram na hora.

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O crime aconteceu por volta das 11h. Kon Tein chegou a ser segurado por pessoas que estavam no local, mas aproveitou uma distração e se atirou. “Vamos investigar se ele usou a criança para se vingar da mulher. Mas por enquanto é só uma hipótese mesmo não podemos confirmar nada ainda”, diz o delegado Lupércio Antônio Dimov, do 23º DP (Perdizes), que cuida do caso. De acordo com a família, Kon Tein estava em relacionamento que já durava dez anos com Josefa, mãe de Brayan. Porém, nos últimos anos eles estavam vivendo uma relação conturbada, que havia se agravado porque ele estava desempregado e com problemas financeiros. 

Rodrigo Martins, irmão de Kon Tein, prestou depoimento à polícia na tarde desta segunda. “Ele era uma pessoa muito boa, ninguém imaginava que iria fazer isso, foi uma tragédia e estamos em choque”, contou ele a VEJA SÃO PAULO. Outro irmão e a esposa do motoboy também prestaram depoimento.

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O homem usava drogas, segundo Rodrigo Martins, mas não aparentava estar depressivo. Ele contou que Kon Tein era muito apegado ao filho e era pai de uma adolescente de 17 anos, fruto de um relacionamento anterior. A mãe da menina morreu de câncer há quatro anos e hoje a garota mora com as tias. Kon Tein, de acordo com a família, tinha uma relação difícil com a menina porque ela apresentava um comportamento rebelde.

Uma amiga do motoboy, que preferiu não se identificar, disse à polícia que ele estava com problemas espirituais e o levou algumas vezes à igreja. Na manhã desta segunda, ela recebeu um WhatsApp dele dizendo que iria se matar e que teria notícias pela televisão.

O delegado Dimov disse que Kon Tein não tinha antecedentes criminais, nem estava no fórum para participar de alguma audiência. Um inquérito de homicídio simples contra a criança foi aberto no 23º DP e o caso segue em investigação. Outros parentes ainda serão chamados para depor.

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Desde o início de 2015, a Associação dos Advogados Trabalhistas registrou cinco mortes por suicídio no Tribunal Regional do Trabalho. Desde então, vem fazendo reuniões com a direção da instituição em busca de uma solução. “Pedimos a instalação de telas de proteção para evitar novos incidentes desse tipo”, diz o presidente Lívio Enescu. “Custaria 150 mil reais e o TRT cortou em 30% o orçamento, mas nos dispusemos a levantar esse valor. Só que até agora, eles não se pronunciaram”, lamenta.

O Tribunal Regional do Trabalho diz, em nota, que as rampas do fórum começaram a ser fechadas em março para evitar o acesso aos parapeitos e, com isso, evitar esse tipo de tragédia. Mas a solução definitiva – a instalação de vidros em todas as rampas e parapeitos – ainda depende de disponibilidade orçamentária. O projeto, aprovado pelo arquiteto Decio Tozzi, deve custar 6 milhões de reais. E, após licitação, o prazo de execução é de 12 meses. 

 

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