Polícia identifica mais três pichadores acusados de matar dentista
Primo da vítima fez uma investigação paralela e conseguiu encontrar os agressores no Facebook
A Polícia Civil identificou mais três acusados de ter assassinado o dentista Wellinton Silva, de 39 anos, no sábado (9), no bairro do Jaraguá, na Zona Norte. De acordo com o delegado Paulo Arbues, titular do 33º DP (Vila Mangalot), que investiga o caso, familiares e advogados dos três acusados disseram que eles se entregariam ainda nesta quarta-feira (10) à polícia.
Os acusados identificados são um homem, que não teve a identidade divulgada pela polícia, e um casal. Eles aparecem, com exceção da mulher, nas imagens captadas por câmeras de segurança junto com os demais envolvidos. Os cinco homens saíram de um carro que estacionou em frente à casa do dentista por volta das 2h de sábado com latas de tinta e garrafas de bebidas nas mãos e, em seguida, picharam o muro da residência. Quando eles se afastaram, o pai do dentista, o aposentado Manuel Silva, 76 anos, apareceu no portão e saiu na rua a procura dos pichadores segurando um objeto que parece um facão. O dentista foi atrás do pai e os dois não apareceram mais nas imagens. Segundo a polícia, eles foram espancados na rua de baixo. O aposentado fingiu ter desmaiado para se livrar das agressões. O dentista chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu.
Os cinco procurados serão indiciados por formação de quadrilha, lesão corporal grave e homicídio. O primeiro suspeito identificado, Adolpho Gabriel de Souza, de 38 anos, teve a prisão decretada pela Justiça na terça-feira (9) e está foragido. Ele é apontado pela polícia como dono do carro que estacionou em frente à casa do dentista com os cinco pichadores. Nas imagens de câmeras de segurança, ele aparece entrando no carro pela porta do passageiro porque a do motorista estava quebrada. Esse detalhe foi essencial para a polícia identificá-lo como dono do carro, segundo o delegado. O veículo foi encontrado abandonado ainda com a chave na ignição em Diadema, na Grande São Paulo. O carro tinha manchas de sangue na porta e foi enviado para a perícia.
Investigação paralela
O primo do dentista assassinado, o analista de sistemas Anderson Brandão, 32 anos, fez uma investigação paralela para identificar os autores do crime. Ele conta que usou a internet para identificar o traço dos pichadores e chegou à página no Facebook onde o grupo reunia fotos de muros pichados pela cidade com a palavra “Consys”, a forma como o grupo é conhecido. A mesma palavra foi pichada com tinta verde na casa da família.
Na página, Brandão disse que identificou os homens que aparecem nas imagens de segurança. “Eles usam apelidos para assinar a pichação e através disso eu consegui encontrá-los”, disse Brandão, que entregou o material à polícia. Um deles, diz o analista, mora em rua próxima ao local do crime.
O primo disse que a polícia chegou a intimar um dos indentificados pela página do Facebook. Vanderson Araújo, vulgo THC, foi abordado em casa pelos policiais com as mãos sujas de tinta verde no domingo (10), levado à delegacia, mas liberado por falta de provas, segundo Brandão.
O delegado Paulo Arbues, do 33º DP, negou que as informações passadas pela família estejam sendo usadas na investigação. Mesmo assim, ele confirmou que o casal identificado nesta quarta-feira é o mesmo encontrado por Brandão nas redes sociais.
O pai do dentista assassinado, o aposentado Manuel Silva, 76 anos, teve que voltar ao hospital nesta quarta-feira por causa de complicações na fratura que sofreu no braço direito. Ele foi espancado pelos pichadores. De acordo com a família, a fratura infeccionou e ele corre o risco de ter que amputar o membro. O aposentado está internado em observação no hospital das Clínicas.