Polícia afugenta ambulantes e faz a taxa de furtos cair na 25 de Março
Uma lei aprovada pela Câmara Municipal no ano passado permitiu que soldados e oficiais patrulhassem, em seus períodos de folga, áreas tomadas por ambulantes
Quem costuma ir à região da Rua 25 de Março para aproveitar as ofertas do maior centro comercial a céu aberto da América Latina está notando uma mudança no cenário. Para melhor. Boa parte dos camelôs que apinhavam as ruas desapareceu depois que policiais militares passaram a montar guarda por ali. Uma lei aprovada pela Câmara Municipal no fim de agosto do ano passado permitiu que soldados e oficiais patrulhassem, em seus períodos de folga, áreas tomadas por ambulantes. Para isso, recebem de 12,33 a 16,45 reais por hora, pagos pelo município. Com poder para apreender mercadorias e dar voz de prisão a suspeitos de crimes, eles têm conseguido coibir a ação tanto dos vendedores de rua quanto de ladrões.
A chamada Operação Delegada de Fiscalização do Comércio começou no último dia 2 de dezembro. Neste ano, estendeu-se para ruas do Brás e os largos da Concórdia e 13 de Maio. Entre dezembro de 2008 e fevereiro de 2009, foram registrados 1 078 furtos na região da 25. Já entre dezembro de 2009 e fevereiro de 2010, esse número passou para 722. Uma queda de 33%. Diariamente, os policiais apreendem milhares de produtos falsificados ou de origem não comprovada, tais como DVDs, CDs, óculos de sol, tênis e equipamentos eletrônicos. “Em dias de grande movimento, chegamos a confiscar mercadoria suficiente para encher 400 sacos de lixo com capacidade para 100 litros cada um”, afirma o coronel Marcos Roberto Chaves, comandante do policiamento do centro.
Ligia Skowronski
Presença constante: 240 policiais trabalham em duplas e quatro viaturas ficam de prontidão das 7 às 21 horas
Na opinião do secretário municipal das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, a Operação Delegada resolve dois problemas: desestimula policiais militares a fazer bicos como segurança para comerciantes — o que contraria as regras da corporação — e torna mais efetivo o combate à pirataria. “Antes, a patrulha era feita pela Guarda Civil Metropolitana, que não tem armamento nem poder de polícia para confiscar mercadorias”, diz. “Com a presença da PM, os ladrões e ambulantes ilegais passaram a ter o que temer. E a prefeitura pôde deslocar os guardas municipais para outras regiões.”
Ligia Skowronski
Nem tudo é perfeito: camelôs ilegais ainda aparecem quando a PM vira as costas e comerciantes enchem as calçadas de lixo fora do horário de coleta
No total, mais de 750 policiais militares prestam serviço para a prefeitura. Só na região da 25 de Março atuam 240 PMs divididos em dois turnos. De dezembro para cá, o número de marreteiros ilegais baixou de 2 000 para cerca de 200 — há outros 274 camelôs com autorização da prefeitura para vender seus badulaques. “O número de ocorrências caiu e os clientes têm mais espaço para circular”, conta Marcelo Mouawad, dono de duas lojas de brinquedos e membro do conselho diretor da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco). “Isso tem se refletido em aumento nas vendas.” O secretário das Subprefeituras admite que o problema dos camelôs é de difícil solução, mas está confiante. “São Paulo é como uma bexiga cheia de água: quando você a aperta de um lado, o líquido escorre para outro”, compara Camargo. “Mas, de todas as experiências testadas pela administração municipal para combater o comércio irregular, o convênio com a PM foi a que apresentou os melhores resultados até agora.”
Como é a ação da PM
240 policiais patrulham a região
400 sacos com capacidade para 100 litros de mercadoria cada um chegam a ser apreendidos em dias de grande movimento
5 suspeitos, em média, são detidos por dia e levados ao 1º DP, na Rua da Glória, para averiguação
200 é o número de ambulantes irregulares na região, cerca de 10% do total do ano passado