Pinacoteca renova espaço de exposição de seu acervo permanente
Local ganhou novo piso e sistemas mais modernos de segurança, iluminação e climatização. Readequação custou 2,5 milhões de reais
Os paulistanos ganharão no sábado (15) um presente de um dos museus mais queridos da cidade. Pela primeira vez desde 1998, quando uma ampla reforma projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha foi finalizada, a Pinacoteca do Estado renova a mostra permanente de seu acervo. Depois de onze meses de reforma no 2º andar do prédio, o espaço expositivo ganhou novo piso e sistemas mais modernos de segurança, iluminação e climatização.
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A readequação custou 2,5 milhões de reais, bancados pela Secretaria de Estado da Cultura e por um fundo da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, e é o resultado de um processo que foi iniciado há quatro anos pelo diretor executivo Marcelo Araujo e pela equipe curatorial comandada por Ivo Mesquita. Segundo o secretário da Cultura, Andrea Matarazzo, uma pesquisa reuniu, durante dois anos, as opiniões dos visitantes sobre a apresentação do acervo permanente. “Eles reclamaram muito do tamanho, que achavam longo e cansativo”, diz. “Pensamos em deixar a seleção mais compacta e, ao mesmo tempo, aproveitar para aperfeiçoar a acessibilidade e o conforto do prédio.”
Com o objetivo de atender o público, o número de obras exibidas diminuiu de 800 para cerca de 500, entre pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e esculturas de artistas como Jean-Baptiste Debret, Nicolas-Antoine Taunay, Candido Portinari e Lasar Segall — 300 delas passaram por processo de restauro pela equipe técnica do próprio museu. Se antes havia trabalhos até a segunda metade do século XX, agora o recorte compreende apenas peças criadas entre o século XIX e o modernismo da década de 30. Há desde telas conhecidas, a exemplo de “Leitura” (1892) e de “Caipira Picando Fumo” (1893), ambas do paulista Almeida Júnior (1850-1899), até quadros quase desconhecidos, caso de “Fascinação” (1902), belo óleo do português radicado no Rio de Janeiro Pedro Peres (1850-1923). Doado em 2005, ainda não havia sido exibido na Pinacoteca. “Nossa ideia é traçar uma narrativa linear na qual as salas se desdobrem umas nas outras”, explica Ivo Mesquita. A curadora Valéria Piccoli afirma que a montagem explicita o modo como a arte brasileira trabalhou pela afirmação da identidade do país.
São quinze salas temáticas, onze delas fixas e quatro dedicadas a pequenas exposições temporárias. Além disso, duas novidades estão previstas. Uma delas é a sala de leitura, onde o visitante pode aproveitar para descansar enquanto lê livros e catálogos e pesquisa o acervo pelo computador. A outra é a chamada sala de interpretação. Nela, quem quiser deixa gravado um depoimento de 1 minuto sobre as impressões que teve do museu. “Queremos não apenas manter essa ligação com as opiniões dos espectadores como aprofundar o vínculo de memória deles com a instituição e até com o edifício”, afirma Marcelo Araujo. Para contemplar os períodos seguintes da coleção de aproximadamente 8.000 itens, o próximo desafio é criar uma mostra permanente na Estação Pinacoteca.