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Pinacoteca mostra acervo de arte pré-hispânica

A exposição Tesouros do Senhor de Sipán – O Esplendor da Cultura Mochica reúne cerca de 200 dessas peças

Por Orlando Margarido
Atualizado em 5 dez 2016, 19h21 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

Entre os povos pré-hispânicos, os incas do Peru e os astecas do México são hoje os mais comumente lembrados. A famosa Machu Picchu, cidade do império incaico surgida a partir do século XIII, atrai milhões de turistas todos os anos. Perto dali, entretanto, na costa norte peruana, a civilização mochica já havia se estabelecido um milênio antes com grandeza semelhante. O pioneirismo desse povo, que dispunha de uma avançadíssima tecnologia para desenvolver armas e acessórios de metal, ficou mais evidente quando, em 1987, saqueadores descobriram e profanaram um túmulo próximo à cidade de Lambayeque. Avisadas, as autoridades intervieram. O arqueólogo peruano Walter Alva entrou então em cena para escavar e revelar ao mundo um admirável acervo de cerâmicas, trajes, jóias e outros ornamentos enterrados com um de seus governadores, batizado pelos especialistas de Senhor de Sipán. A partir do dia 15, os paulistanos poderão conhecer na Pinacoteca do Estado parte dessa descoberta, reputada como uma das mais importantes do século XX. A exposição Tesouros do Senhor de Sipán – O Esplendor da Cultura Mochica reúne cerca de 200 dessas peças, a maioria recoberta de ouro.

Trata-se de uma rara reunião de acervos de instituições peruanas, como o Museu Nacional de Arqueologia, Antropologia e História do Peru, e de uma coleção particular brasileira, cujo proprietário prefere permanecer no anonimato. Sabe-se, no entanto, que sua família começou a colecionar peças arqueológicas no fim dos anos 30, quando ainda eram negociadas por preços irrisórios diretamente com os caçadores de tesouros locais. Tal tipo de comercialização atualmente é ilegal. A herança dos mochicas, por exemplo, está muito bem guardada no Museu Tumbas Reais de Sipán, localizado onde no passado ficavam as pirâmides do império existente entre os séculos I e VII. Ali se cultuava a Lua e também se realizavam sacrifícios humanos. Entre outras particularidades de cunho religioso, a civilização não embalsamava seus mortos. Isso explica a rica seleção encontrada em um só túmulo. Os líderes, usando trajes confeccionados com ouro, prata, cobre dourado e pedras semipreciosas, eram enterrados ao lado dos objetos que os acompanhavam em vida. Nesse caso, a descoberta incluiu uma decoração funerária com 1 300 vasos de cerâmica, a arte mais significativa para aquele povo. O visitante terá uma idéia dessa suntuosidade ao observar tanto os manequins vestidos com o luxuoso aparato como a réplica da tumba trazida para a mostra.

• Tesouros do Senhor de Sipán – O Esplendor da Cultura Mochica. Pinacoteca do Estado. Praça da Luz, 2, Tel. 3229-9844, Metrô Luz. Terça a domingo, 10h às 18h. A bilheteria fecha meia hora antes. R$ 4,00. Grátis aos sábados. Até 7 de janeiro de 2007. A partir de 18 de novembro, 14h.

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