Paulistanos elegem os lugares e pessoas que são a cara de São Paulo
O apresentador Silvio Santos, o goleiro Rogério Ceni e o Museu do Ipiranga estão os preferidos por 1 000 moradores da cidade
Em 1990…
…o paulistano imaginava que, se a cidade virasse uma pessoa, seria alguém como a figura acima: homem, corintiano, boêmio, mas dedicado no banco onde trabalha, na Avenida Paulista. Casado, mas tem amantes. Gosta de samba, mas não sabe dançar. Dirige um Monza, passa fins de semana no Guarujá, ganha bem, mas não tem dinheiro porque sustenta muitos dependentes. Seu sobrenome? Progresso e Esperança.
Já em 2008…
…a capital ganhou nome e jeito de mulher, que se chama Maria Vitória. Bem-sucedida em seu emprego no mercado financeiro, tem marido e filhos, torce para o São Paulo e é bem-humorada. Seu salário é daqueles de fazer inveja às amigas, mas ela gasta como se não houvesse amanhã. Enfrenta o trânsito numa Cherokee. Voltou a estudar e, agora, faz psicologia.
Maria Vitória é casada e tem filhos. Ganha um belo salário por seu trabalho no mercado financeiro e gasta mais do que deveria. Quem é ela? Bem, talvez lembre alguém que você conhece, mas se trata da figura que surgiria caso, num passe de mágica, a cidade se transformasse numa pessoa. A “senhora” ao lado representa uma das inúmeras facetas paulistanas encontradas num levantamento do instituto Análise, Pesquisa e Planejamento de Mercado (APPM), em parceria com Veja São Paulo. “Vivemos numa capital tão forte e intensa que, na cabeça das pessoas, ela se personifica”, afirma a publicitária Rose Saldiva, uma das organizadoras da pesquisa. O mesmo estudo, quando realizado em 1990, mostrava uma autoimagem completamente diferente, como se vê no executivo de terno representado na ilustração à esquerda.
O trabalho também relacionou pessoas, lugares e costumes que compõem a identidade de São Paulo. Para chegar a tais conclusões, os pesquisadores passaram por duas etapas. A primeira consistiu numa avaliação qualitativa em que questionaram cinco grupos de dez pessoas cada um, sobre a imagem que têm da capital. Daí, apareceram os nomes que formaram um questionário aplicado a 1 000 participantes. O resultado concentra, claro, clássicos como o Museu do Ipiranga e a Avenida Paulista. Mas há surpresas, como personalidades que, mesmo nascidas em outros lugares do país, por motivos diversos ganharam o status de símbolo da cidade no imaginário de seus habitantes. Dessa categoria participam a atriz carioca Fernanda Montenegro, o ator mineiro Lima Duarte e o goleiro paranaense Rogério Ceni. “Como toda metrópole cosmopolita, São Paulo tem uma face fragmentada”, explica o sociólogo Antônio Lavareda, da APPM. As páginas a seguir reúnem alguns dos eleitos na pesquisa.
Apresentador e empresário
Silvio Santos
Atire o primeiro Carnê do Baú quem nunca comeu macarronada assistindo a um programa do Silvio Santos. Eis algumas curiosidades sobre o dono do SBT:
– Exerceu seu talento de comerciante pela primeira vez aos 14 anos, vendendo capinhas para título de eleitor. Comprava-as por 3 cruzeiros e vendia a 5.
– Começou a carreira artística em concursos de locução. Ganhou doze vezes consecutivas, até ser proibido de competir.
– O Baú da Felicidade nasceu em 1957, quando Silvio se associou ao comediante Manoel da Nóbrega. Eles vendiam brinquedos por meio de um carnê, pago em doze prestações.
– Em 1962, comprou um horário na antiga TV Paulista (atual Rede Globo) e passou a apresentar a sua primeira atração televisiva, Vamos Brincar de Forca.
– Já lançou mais de quarenta discos, entre compactos e LPs, a maioria com marchinhas de Carnaval.
– Em 2003, inventou que padecia de uma doença incurável e estava com os dias contados. Acaba de completar 78 anos.
Igreja
Catedral da Sé
Neste local, em 1591, o cacique Tibiriçá mandou erguer o primeiro templo católico de São Paulo. Sua construção original era de taipa de pilão. O edifício neogótico que conhecemos hoje só começou a ser construído em 1913 – as últimas catorze torres foram erguidas há pouco mais de seis anos. Inspirada nas igrejas medievais europeias, a Catedral da Sé foi projetada pelo arquiteto alemão Maximillian Hehl e inaugurada durante as comemorações do quarto centenário da cidade, em 1954.
Estádio de futebol
Morumbi
A casa do São Paulo Futebol Clube é a parte mais visível do império tricolor, que faturou cerca de 180 milhões de reais em 2008. Projetado pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas, o Estádio Cícero Pompeu de Toledo começou a ser construído em 1953, foi inaugurado em 1960 e ficou totalmente pronto em 1970. Maior arena de futebol particular do mundo, conta com 528 funcionários. Desde 2006, passa por reformas para se tornar um grande centro de entretenimento. Atualmente, além de um clube poliesportivo com 25 000 sócios, abriga um museu, um bar-restaurante e uma megaloja de suvenires. Neste ano, deve ganhar uma livraria, um espaço para eventos e uma escola de inglês. Em 2010, serão inauguradas salas de cinema e uma grande academia de ginástica.
Estação do ano
Verão
Os contrastes paulistanos às vezes aparecem também nos termômetros. No verão, estação que os entrevistados consideraram a cara da cidade, isso acontece principalmente por causa das pancadas de chuva. “Elas podem baixar a temperatura em mais de 10 graus”, afirma Augusto Pereira Filho, meteorologista do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. Veja ao lado a temperatura mais quente e a mais fria registradas no verão desde 1932 na Estação Meteorológica do IAG, no bairro da Água Funda, na Zona Sul.
Jornalista de imprensa escrita
José Simão
Ele nasceu numa maternidade da Avenida Paulista e, há duas décadas, faz os paulistanos rir com sua coluna na Folha de S.Paulo.
Você acha que tem a cara de São Paulo?
A coluna é muito paulistana. Assim como a cidade, é elétrica, caótica. E eu também. Para começar: gosto mais de acordar do que de dormir. Acordo em pé.
São Paulo tem muita piada pronta?
Muita. Por exemplo, uma placa no Sesc Itaquera: “Planejamento Familiar. Entrada pelos fundos”. Esses caras não percebem que tudo tem duplo sentido no Brasil? No IML: “Só é permitida a entrada de vivos”. E se o morto for analfabeto? Outra no Metrô Tietê: “Não aceitamos notas falsas”. E algum lugar do mundo aceita?
Que figuras da cidade rendem mais apelidos?
A Marta é a campeã. Piada com ela sempre rende. Já a chamei de Patricinha da Terceira Idade, Genérico da Ivana Trump, Martícia Adams, Martamorfose, Prefesteira, Gato Persa sem Bigode, Marta Martox, A Volta da Marta Viva, PT (Perua de Tailleur). E tem os apelidos do Kassab também: Nunkassab, Kaxaves, Seu Barriga, Kassamba, Peskab…
Flor
Rosa
Em 2008, mais de 45 milhões de reais foram movimentados com a venda de rosas em São Paulo, somente no Ceagesp, centro de abastecimento de flores na cidade. Ali, o preço médio da dúzia é de 11,30 reais. Confira dicas do produtor Valdir Aparecido de Souza para mantê-las bonitas por até dez dias:
– Troque a água do vaso a cada dois ou três dias.
– Com a mesma frequência, corte um ou dois dedos da ponta da haste em sentido diagonal.
– Deixe o vaso em local fresco, mas longe de vento.
Teatro
Municipal
No ano passado, o Teatro Municipal brindou os paulistanos com nove óperas, 52 concertos e 33 apresentações de balé. A entrada mais cara, nos espetáculos promovidos pela prefeitura, custou 40 reais, o que garantiu um público de 220 590 pessoas. Nada mau para uma casa que, até 2005, não vendia ingressos por telefone nem pela internet. Naquele ano, o número de espectadores foi de 175 118. Em dezembro passado, o edifício projetado por Ramos de Azevedo fechou para reforma. O restauro da fachada e da ala nobre deve se estender até o fim de março e custará 5,8 milhões de reais. Até lá, a programação permanecerá interrompida. “Estamos preparando o teatro para as comemorações do seu centenário, em 2011”, afirma a diretora da instituição, Beatriz Franco do Amaral. A próxima etapa será a modernização do palco, prevista para começar neste semestre.
Esportista
Rogério Ceni
A determinação de Rogério Ceni foi um dos ingredientes essenciais para que o São Paulo conquistasse em 2008 seu sexto título de campeão brasileiro – o terceiro consecutivo. Obcecado, costuma treinar à exaustão não só a defesa como o ataque. Assim, tornou-se um goleiro-artilheiro: fez 83 gols (até a última quarta) ao longo de sua carreira. Em seus dezoito anos no tricolor do Morumbi, conquistou também duas Libertadores e dois Mundiais de Clubes, entre outros títulos. O que ainda falta? “A próxima vitória”, diz o paranaense de 36 anos, casado com uma paulistana e pai de duas meninas gêmeas. “Assim como a cidade de São Paulo, sempre fiz questão de ir além do que esperam de mim.”
Grupo de samba
Demônios da Garoa
Em sua terceira geração, o grupo segue em plena atividade: faz mais de 150 shows por ano, inclusive no tradicional Bar Brahma, no centro, onde é a atração das noites de quinta-feira. Formado em 1943, o sexteto ganhou fama na década de 50, ao dar voz às composições de Adoniran Barbosa. “Ele jamais havia tido sucesso nas rádios até ser gravado pelos Demônios”, explica o jornalista Assis Angelo, autor de um livro sobre o grupo. A parceria começou em 1951, com a canção Malvina. Cinco anos mais tarde, lançaram no mesmo disco Saudosa Maloca e Samba do Arnesto. Trem das Onze, com seus pascalingunduns, viria em 1964 e se tornaria marca registrada. Na formação atual, o mais velho é Roberto Barbosa, de 70 anos (todos os integrantes originais já morreram). O mais jovem, Ricardo Rosa, de 20, é neto de Arnaldo Rosa, um dos paulistanos da Mooca e do Cambuci que fundaram o grupo.
Jornalista de TV
William Bonner
Nascido na hoje extinta Maternidade São Paulo, na Rua Frei Caneca, o jornalista William Bonner vive há duas décadas no Rio de Janeiro. “Mas nunca deixei de me sentir paulistano”, diz. Editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional, ele tem poucas chances de vir à terra natal. Nessas ocasiões, faz questão de comer polpetone no Jardim de Napoli, em Higienópolis, bairro em que viveu dos 6 aos 25 anos. Antes, morava no Tatuapé, onde seu pai, pediatra, tinha um consultório. Na última visita, no ano passado, levou os filhos trigêmeos (Laura, Beatriz e Vinícius) para conhecer o centro de treinamento do São Paulo, seu time do coração. Só não costuma repetir um programa que fazia nos tempos de estudante da USP: ir tomar cafezinho nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos.
Apresentadora
Hebe Camargo
Uma das primeiras estrelas da televisão brasileira, Hebe Camargo foi a mais lembrada pelos paulistanos ouvidos por Veja São Paulo. Clique em Verdadeiro ou Falso nas questões sobre a carreira da loira do SBT.
Começou a carreira artística como cantora e tinha o apelido de Moreninha do Samba.
Verdadeiro
Falso
Foi casada cinco vezes.
Verdadeiro
Falso
Em seu primeiro casamento, usou vestido rosa porque não era mais virgem.
Verdadeiro
Falso
Tem joias suficientes para cobrir o chão de um dos cômodos de sua casa.
Verdadeiro
Falso
Nasceu em São José dos Campos.
Verdadeiro
Falso
A mania de dar selinhos nos convidados de seu programa começou com a cantora Ana Carolina.
Verdadeiro
Falso
Não ia se chamar Hebe, mas sim Beatriz.
Verdadeiro
Falso
Você acertou questões
Veja as respostas
Respostas – Hebe Camargo: V/ F, casou-se duas vezes. Com os empresários Décio Capuano e Lélio Ravagnani/ V/ V/F, ela nasceu em Taubaté/ F, o primeiro selinho foi na cantora Rita Lee/ V
Edifício
Itália
Inaugurado em 1965, o prédio fica no número 344 da Avenida Ipiranga, no centro. Em seu 42º andar está o restaurante Terraço Itália, de onde é possível ver helicópteros voando abaixo dos olhos. Mas o endereço guarda outras peculiaridades. Como estas:
– Os funcionários dos cerca de 400 escritórios do prédio só podem permanecer lá dentro após as 22 horas se tiverem autorização do síndico. Caso contrário, estão sujeitos a pagar multa de 415 reais multiplicada pelo número de vezes em que a infração se repetir.
– Em 2005, o condomínio deu início a uma reforma elétrica que aumentou a capacidade de carga em 40%. Concebida em uma época sem computadores, a estrutura antiga estava sobrecarregada.
– Além de 130 câmeras para monitoramento das suas dependências, o prédio conta com onze bombeiros e nove seguranças.
– No ano passado, o francês Alain Robert, conhecido como Homem-Aranha por se pendurar em prédios mundo afora, burlou a segurança e escalou o edifício.
Museu
do Ipiranga
Aberto em 1895, o museu atrai 400 000 pessoas por ano, metade delas alunos do ensino fundamental. Desde 1963, é controlado pela Universidade de São Paulo, que gasta cerca de 1,3 milhão de reais anuais em sua manutenção. Entre suas mais de 1 600 peças há carruagens, armas e roupas usadas pelos contemporâneos de dom Pedro I – até cachos dos cabelos da princesa Isabel. O acervo conta ainda com itens do início do século XX. Parque da Independência. Tel. 2065-8000. Terça a domingo, 9h às 17h. R$ 4,00.
Monumento
à Independência
Criado pelo artista italiano Ettore Ximenes, o monumento foi inaugurado em 1922 para comemorar o centenário da emancipação política brasileira. Fica dentro do Parque da Independência, bem em frente ao Museu do Ipiranga. Sua base, feita de granito, tem 11 metros de altura – o monumento inteiro mede 20,5 metros. Nela, há figuras que representam personalidades e episódios históricos como a Inconfidência Mineira e a Revolução Pernambucana. Sobre essa base está um conjunto de esculturas que simbolizam a liberdade.
Ator
Lima Duarte
Mineiro de nascimento, Lima Duarte não se surpreendeu de ser considerado uma das caras de São Paulo. “Eu fiz essa cidade e ela me fez”, afirma. Clique em Verdadeiro ou Falso nas afirmações sobre o ator:
Chegou a São Paulo num caminhão de mangas.
Verdadeiro
Falso
Sua primeira moradia na cidade foi um convento.
Verdadeiro
Falso
Começou a carreira artística como ator da TV Tupi.
Verdadeiro
Falso
Integrou o grupo Teatro de Arena, com o qual encenou espetáculos importantes para a história teatral da cidade, como Arena Conta Zumbi.
Verdadeiro
Falso
Seu verdadeiro nome é José de Araújo Pereira.
Verdadeiro
Falso
Mora no Rio de Janeiro.
Verdadeiro
Falso
Você acertou questões
Veja as respostas
Respostas – Lima Duarte: V/ F, ele morou com prostitutas/ F, Lima foi sonoplasta/ V/ F, é Ariclenes Venâncio Martins/ F, sua casa fica em Indaiatuba (SP)
Atriz
Fernanda Montenegro
Personagens paulistanos como a vilã Bia Falcão, da novela Belíssima, e projetos na cidade – o próximo é uma mostra que reúne filmes, debates e uma peça sobre Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir – fixaram a atriz Fernanda Montenegro no imaginário dos moradores de São Paulo.
A senhora é carioca, mas os paulistanos acham que tem a cara de São Paulo…
Engraçado… Quanto mais carioca sou, mais agradeço a São Paulo. Os paulistanos me deram um voto de segurança logo no início de minha carreira.
Quando a senhora morou aqui?
Vim em 1954 e fiquei cinco anos. A cidade transbordava cultura. Aonde a gente fosse, tinha um burburinho. Passava noites discutindo teatro na Praça 14 Bis. Depois, nas décadas de 60 e 90. Tenho saudade da Praça Roosevelt e da Rua Major Diogo, onde morei.
O que o público paulistano tem de especial?
Uma plateia consciente. Aqui as coisas são mais organizadas. São Paulo tem vontade de posteridade.
Artista plástico
Gregório Gruber
Embora tenha nascido em Santos, o artista veio morar na cidade com 1 ano de vida. Suas obras costumam ter cenários paulistanos como tema. É o caso de Ibirapuera e Acesso à Av. Paulista (veja abaixo). “Em geral, retrato lugares onde moro ou por onde costumo circular”, diz. Até 28 de fevereiro, pinturas que registram os arredores da Serra da Cantareira estarão numa exposição gratuita no Palácio do Horto (Rua do Horto, 931, Cantareira, Tel. 2193-8282).
Cartão-postal
Avenida Paulista
Cerca de 1,7 milhão de pessoas passam diariamente pelos 2 800 metros da Paulista, avenida-símbolo da cidade, que se estende entre as praças Oswaldo Cruz, no Paraíso, e Cordeiro de Farias, depois da Rua da Consolação. Inaugurada em 1891, abrigava novos-ricos e barões do café. Hoje, segundo dados da Associação Paulista Viva, concentra treze casas e 102 edifícios, sendo 86 comerciais, treze residenciais e três de uso misto. Reúne 52 agências bancárias, quinze sedes de consulados, cinco hospitais, quatro complexos de cinema e três teatros. Com fluxo de 77 000 veículos por dia, padece com engarrafamentos. Principalmente quando grupos resolvem fazer manifestações ali – no ano passado, foram 68. Entre os pontos turísticos, os mais famosos são o Masp, o Parque Trianon e a Casa das Rosas.
Parque
Ibirapuera
Inaugurado em 1954, o parque chega a reunir 130 000 pessoas aos domingos. Seu 1,5 milhão de metros quadrados abriga duas pistas de corrida, duas ciclovias, três museus e três outros espaços para eventos, como a Oca. Ao longo de seus 55 anos, o Ibirapuera foi palco de importantes eventos culturais. Lá ocorreram 27 das 28 bienais de arte da cidade, por exemplo.
Banda de rock
Titãs
É difícil encontrar algo mais paulistano no rock que os Titãs. “São Paulo tem tudo a ver conosco”, diz o guitarrista Tony Bellotto. “Ela é dura, como o rock, e, ao mesmo tempo, moderna e cosmopolita.” Foi no Colégio Equipe, em Pinheiros, que os integrantes do grupo se conheceram, no fim dos anos 70. O show inaugural aconteceria em seguida, no palco do Sesc Pompeia, em 1982. De tão paulistanos, em 1999 os roqueiros tocaram no Anhangabaú em comemoração ao aniversário de São Paulo. Cenas do evento estão no documentário Titãs, a Vida Até Parece uma Festa, cinebiografia da banda em cartaz na cidade.
Rádio AM
Bandeirantes
Fundada em 1937, a Bandeirantes (840 AM) está entre as rádios de notícia mais ouvidas no período da manhã (pode ser acompanhada também na frequência 90,9 FM). O locutor que há mais tempo comanda o mesmo programa é José Paulo de Andrade, apresentador de O Pulo do Gato, dedicado a reclamações de consumidores e direitos do cidadão. Vai ao ar de segunda a sábado, das 6 às 7 horas, com audiência de 110 000 pessoas por minuto. Seu alvo atual são as autoridades de trânsito: “Quem cuida do tráfego em São Paulo se acha acima do bem e do mal”.
Rádio FM
Nativa
A cada minuto, cerca de 200 000 pessoas sintonizam a frequência 95,3 FM para ouvir a Nativa, a número 1 em audiência da cidade em 2008, segundo o Ibope. A programação é de hits populares, principalmente sertanejos. A seguir, as cinco canções mais ouvidas na semana passada:
1 A fila anda, Leonardo
2 Borboletas, Victor & Leo
3 Quase Louco, Daniel
4 Você foi atriz, Eduardo Costa e Bruno & Marrone
5 Para de chorar, César Menotti & Fabiano
Comida
Arroz com feijão
A grande marca da culinária da capital sempre foi seu caráter cosmopolita. Mas, na preferência dos paulistanos, o arroz com feijão desbanca o pastel, o sushi, a macarronada e a pizza. O hábito de misturar os dois ingredientes numa mesma refeição surgiu no século XIX, quando imigrantes – não se sabe se europeus ou asiáticos – introduziram no cardápio o arroz agulhinha, o mais consumido pelos paulistanos. Os grãos marrons que o acompanham são do tipo mulatinho, também chamado de carioca. “Ao contrário de outras partes do país, aqui só se usa feijão-preto na feijoada”, diz a antropóloga Paula Pinto e Silva, autora do livro Farinha, Feijão e Carne-Seca.
Estilista
Walter Rodrigues
Muitas mulheres passam o casamento falando de Walter Rodrigues. Tudo por causa de sua especialidade, os vestidos de festa, principalmente de noivas. Apesar de atualmente desfilar suas coleções na semana de moda carioca, o Fashion Rio, o estilista de 49 anos foi revelado nos primórdios da São Paulo Fashion Week, na década de 90. Antes, esse paulista de Herculândia, no interior do estado, trabalhou para as grifes Cori e Huis Clos. Seu ateliê na Avenida Rebouças, nos Jardins, concentra clientes como a atriz Maria Fernanda Cândido e a jornalista Patricia Poeta – ambas subiram ao altar com peças dele. “Faço, em média, quatro noivas por mês”, afirma. Cada modelito sob medida demora quarenta dias para ficar pronto e custa, no mínimo, 7 000 reais. Os da linha prêt-à-porter (pronto para vestir) valem 2 000 reais. “As pessoas gostam de gastar para se sentir bem num grande evento”, diz. “Roupa boa é uma armadura social.”