Passageiros relatam caos em Cumbica
Acompanhe os depoimentos de quem sofreu com o desembarque no aeroporto
‘Depois de ter passado uma noite inteira no avião, não é nada agradável ter de encarar até quarenta minutos na fila da imigração. E olha que sou francês naturalizado brasileiro desde 1997 e, por isso, a espera é na ala dos residentes, que costuma ser mais rápida que a de estrangeiros. Como viajo duas vezes por mês ao exterior, conheço muitos aeroportos. Em outros países existe espera no controle de passaporte, mas nada comparado ao que vivemos aqui.’
Roland de Bonadona, diretor-geral da Accor Hospitality da América Latina
‘Viajo duas vezes por mês para países da África, do Oriente Médio e da América Central. O pior dia para desembarcar em Guarulhos é na segunda-feira pela manhã, das 4 às 8 horas. Já cheguei a ficar uma hora e meia na fila da imigração. É um verdadeiro congestionamento de gente. Como sei que vou me atrasar, sempre evito marcar reuniões na segunda cedo. A situação daqui só se compara à de aeroportos africanos.’
Dario Chemerinski, diretor da divisão internacional da empresa alimentícia Gomes da Costa
‘Viajo para o exterior pelo menos dez vezes por ano. Acabo de voltar da China e do Japão. Sempre que regresso a São Paulo é como se passasse por um choque de civilizações. Perco pelo menos uma hora entre conseguir descer do avião, passar pela alfândega e deixar o aeroporto. Na época da epidemia de gripe A, cheguei a ficar duas horas na fila até ser liberada. Como sei que a demora é uma rotina em Cumbica, costumo viajar apenas com bagagem de mão.’
Mayana Zatz, geneticista
‘Vivo em Miami desde 1994 e venho a São Paulo pelo menos três vezes por ano. Cansei de ver gente perder a conexão porque ficou presa na fila da imigração. Há muito mais agentes da Polícia Federal para fiscalizar a chegada dos brasileiros, que supostamente desembarcam com mais produtos importados, do que os estrangeiros, que vêm passar férias. Em Miami colocam o mesmo número de agentes nas duas filas. Deveria ser assim para agilizar o processo.’
Dayse Martins, corretora de imóveis da Sotheby’s International Realty
‘Viajo cerca de seis vezes por ano para os Estados Unidos e países europeus e já me acostumei a gastar uma hora e meia de espera na imigração quando chego a São Paulo pela manhã. Apesar de morar aqui há dois meses, tenho passaporte sueco e preciso pegar a fila dos estrangeiros. Vejo que faltam pessoas trabalhando e uma maior organização.’
Svante Hjorth, diretor-geral da empresa de telecomunicações Arycom
‘Nasci em Veneza e moro em São Paulo há cinco anos. Vivo no Brasil com visto de trabalho. Viajo com frequência para países da Europa e da América Latina. Perdi as contas de quantas vezes tive de aguardar até uma hora e meia na fila em Cumbica simplesmente porque a pessoa que me atendeu jamais tinha ouvido falar em um visto como o meu. Aí ela chamava o gerente, depois o chefe da Polícia Federal… O governo brasileiro precisa contratar mais pessoas para trabalhar na recepção de turistas e, acima de tudo, treiná-las melhor.’
Matteo Murador, economista