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Para ouvidor da polícia, corpos achados em Mogi têm sinais de execução

Um deles estava amarrado com fitas plásticas e há tiros na cabeça e no tórax das vítimas

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 27 dez 2016, 15h00 - Publicado em 7 nov 2016, 17h18

Os primeiros exames nos cinco corpos encontrados no domingo (6), em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, reforçam a hipótese de que sejam do grupo de jovens que desapareceu do Parque São Rafael, zona leste de São Paulo, há duas semanas, na avaliação da Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo.

“A tomografia e os exames de raio X feitos no Instituto Médico-Legal reforçam muito essa tese”, diz o ouvidor das polícias, Julio Cesar Fernandes. “A ossada de um deles revela uma prótese na coluna. É do corpo que estava com fraldas geriátricas. Provavelmente é de um deles, que era cadeirante”, diz Fernandes.

“O outro tinha uma prótese na tíbia. Conversei com a mãe de um dos garotos, e ela me disse que seu filho tinha uma prótese ali” afirma ou ouvidor.

Além disso, segundo Fernandes, há sinais mais claros de que os corpos encontrados foram vítimas de execução. “Um deles estava amarrado, com aquelas fitas plásticas de algemas. Há tiros na cabeça e no tórax dos corpos”, continua o ouvidor. 

Fernandes esteve no IML na manhã desta segunda-feira (7) para buscar mais informações do caso. “As evidências de que se tratam dos mesmos rapazes são muito claras”, diz.

Ainda de acordo com Fernandes, um dos corpos estava sem a cabeça mas não havia certeza se isso se devia a uma ação dos assassinos ou se a cabeça foi comida por animais. “Mesmo com todos esses sinais, os peritos farão exames de DNA para confirmar a identidade dos corpos, uma vez que eles estavam em um estado de degradação muito avançado”, continua.

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Fernandes diz suspeitar que os rapazes tivessem sido executados no mesmo dia em que desapareceram. “É difícil que se mantenha em cativeiro um cadeirante”, afirma.

Os corpos foram encontrados em uma mata de difícil acesso, na zona rural de Suzano. O delegado do 2.º Distrito Policial (Brás Cubas) de Mogi, João Alvarenga, afirmou também que os corpos haviam sido encontrados parcialmente enterrados, com as covas cobertas por cal. No local dos disparos, havia nove cápsulas de revólver calibre .40, de uso restrito do poder público, e uma cápsula de calibre 12.

Os corpos foram encontrados por um sitiante, segundo o delegado, que suspeitou do cheiro forte e da presença de urubus no local das covas.

“Ainda não há confirmação científica disso”, disse o secretário da Segurança Pública, Magino Alves. “O adiantado estado de putrefação dos corpos não permite reconhecimento seguro e talvez a gente leve mais tempo. Mas tudo indica que são (os mesmos jovens)”, declarou o secretário.

“A investigação vai continuar seguindo as linhas que já existiam. Estávamos com três frentes e vamos continuar com elas. Pode investigar sim (a participação de policiais no caso), porque tivemos apreensão lá (no local do encontro) de cartuchos que são de .40, e estamos verificando se são de algum lote comprado pelas forças de segurança”, disse Alves, que afirmou que irá ainda verificar se não houve extravio da munição, caso ela de fato tenha sido comprada pelo governo do Estado.

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“As duas demais linhas dizem respeito da vida pregressa das pessoas envolvidas e é prematuro fazer afirmações. As investigações não param com o encontro dos corpos e o intuito da secretaria é esclarecer cabalmente esse caso”, concluiu.

O caso

O grupo de jovens desapareceu quando disseram para parentes que iriam para uma festa em um sítio de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, a partir do convite de uma menina que um deles conheceu pelo Facebook. Antes de desaparecer, um dos rapazes disse, pelo WhatsApp, para outra amiga, que havia “tomado um enquadro” e sido “esculachado”.

Segundo o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), uma das vítimas havia recebido ameaças de morte de familiares de um guarda-civil municipal de Santo André, no ABC.

Quatro rapazes do grupo, entre 16 e 18 anos, tinham passagens pela polícia – o cadeirante ficou com a mobilidade reduzida após um tiro disparado por um policial, segundo sua mãe. O quinto, um homem de 30 anos, havia sido contratado pelos rapazes para levá-los ao sítio. É o dono do carro que o grupo usava, um Santana, localizado em Ribeirão Pires sem as chaves, na segunda-feira seguinte ao desaparecimento, que foi na sexta, dia 21 de outubro.

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