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Oscar Maroni é acusado de formação de quadrilha e tráfico de mulheres

Em funcionamento há 27 anos, o Bahamas recebia uma média de 200 clientes e 150 garotas de programa por dia

Por Fabio Brisola e Edison Veiga
Atualizado em 5 dez 2016, 19h24 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

A bordo de um reluzente Jaguar verde, modelo S-Type, avaliado em 200.000 reais, o empresário Oscar Maroni Filho dirigia sem rumo por rodovias nos arredores de São Paulo na noite de terça-feira (7). Com um gorro preto para evitar ser reconhecido (“Minha careca é quase um RG”), ele ainda se adaptava à condição de foragido da Justiça. A vida do dono da boate Bahamas, notório reduto da prostituição de luxo em Moema, ficou complicada depois do acidente com o avião da TAM no Aeroporto de Congonhas, em 17 de julho. Ocorre que ele também é dono do Oscar’s Hotel, construído a 600 metros do aeroporto, muito próximo da rota dos aviões. A prefeitura viu irregularidades na obra e mandou fechar o hotel e o Bahamas, que tem bar, restaurante, pista de dança, sauna mista e shows de strip-tease, apresentados no palco e em um lago com carpas. Maroni zombou pessoalmente do prefeito Gilberto Kassab, a quem apelidou de “Madre Superiora”, e protestou, ao lado de sua poodle Docinho, contra a interdição. Desde então, não parou de dar entrevistas. Em uma delas, ele teria admitido a prática de prostituição em sua boate: “Sim, é prostituição de luxo sim, não vamos ser hipócritas”. Dois dias depois, teve a licença do Bahamas cassada e o Ministério Público Estadual o denunciou por formação de quadrilha, exploração de prostíbulo, favorecimento à prostituição e tráfico de mulheres. “Eu estava transando com a minha namorada quando o telefone tocou e soube da ordem de prisão”, conta Maroni, referindo-se ao mandado expedido pela 5ª Vara Criminal. “Eu me desesperei e saí correndo pelado pelo quarto.” Seus advogados impetraram habeas corpus, mas o pedido foi negado na última quinta-feira pelo Tribunal de Justiça.

Em funcionamento há 27 anos, o Bahamas recebia uma média de 200 clientes e 150 garotas de programa por dia – a entrada custa 135 reais para homens e 35 para mulheres. Cada uma delas cobrava de 300 a 500 reais por uma hora de entretenimento num dos 23 quartos existentes na casa. O negócio transformou Maroni num magnata do sexo. Entre os bens que gosta de ostentar figuram uma coleção de carros importados, uma fazenda com 12 000 cabeças de gado em Araçatuba, no interior do estado, dezenas de imóveis e o tal hotel. Vaidoso e falastrão, mesmo diante de situações adversas Maroni adora fazer propaganda de si mesmo e de suas proezas sexuais. Afirma que, num cálculo modesto, já foi para a cama com 1.500 mulheres. Com declarados “50 e uns anos”, três vezes por semana treina boxe e faz musculação. “Eu curto a estética”, diz ele, que exibe uma tatuagem com as iniciais de seu nome no braço esquerdo. “É idêntica à usada para marcar meus bois e cavalos.”

Outro orgulho de Maroni são os oito pares de botas que sempre calça. “Um deles é de orelha de elefante, outro de couro de crocodilo e agora vou comprar um de pele de tubarão”, gaba-se. Pode chegar ao trabalho num alinhado terno Armani ou em jeans rasgado e camiseta justa. “Gosto de me vestir assim, criando estilos.” Na verdade, ele quer se parecer com Larry Flynt, dono da revista americana Hustler, conhecido pelas polêmicas em torno da promoção de pornografia. Outro de seus ídolos é Hugh Hefner, o idealizador da revista Playboy e famoso por promover festas particulares com as playmates. Maroni está reformando uma cobertura de 320 metros quadrados no 20º andar de um prédio em Moema. Planeja se mudar em breve para lá com a namorada de 23 anos. “Vou promover festas iguais às do Hefner”, promete.

Até enriquecer, enfrentou muitos percalços. A acusação de lenocínio, como é chamado o incentivo de qualquer tipo à prostituição, rendeu-lhe duas passagens rápidas pela cadeia, em 1996 e 1998. O porte ilegal de armas foi a razão da terceira visita ao xilindró, em 2004. Formado em psicologia, Maroni teve seu próprio consultório durante seis anos. Difícil acreditar que ele seria capaz de ouvir um paciente. Agitado, fala sem parar e repete exaustivamente algumas histórias e frases de efeito, como: “Posso ser imoral, mas não sou ilegal”. Paulista de Jundiaí, filho de uma família de classe média, conta que desde cedo foi atraído pelo universo da prostituição. Aos 17 anos, já morando em São Paulo, ele mantinha o hábito de ficar na porta da extinta e luxuosa boate La Licorne, na Rua Major Sertório, na Vila Buarque, para observar a chegada das garotas de programa. “Aquilo me fascinava, mas eu não tinha dinheiro para pagar.” Na faculdade, comprou um trailer de cachorro-quente e começou a ganhar dinheiro. Com a venda dos sanduíches, diz ele, comprou uma casa de prostituição, depois outra, até se desfazer de tudo para investir no Bahamas. Ele alega usar a mesma fórmula desde o início. O faturamento viria da venda de ingressos e bebidas – lá, uma garrafa de uísque 8 anos custa incríveis 590 reais. Maroni afirma não ter participação nos cachês cobrados pelas jovens entre 18 e 25 anos que freqüentam o Bahamas. “Ganho apenas na entrada de homens e mulheres. Se eles transam nos quartos, não é problema meu.”

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