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Óleo de cozinha coletado representa apenas 5% do que é descartado

Gordura nos canos do esgoto agrega outros dejetos, entretanto, pode ter valor comercial se reutilizada

Por Simone Costa
Atualizado em 5 dez 2016, 19h06 - Publicado em 9 nov 2009, 13h03

A cada seis meses, a administradora de empresas aposentada Ana Ma­­ria Cantarella, síndica de um condomínio residencial na Vila Mariana, precisava mandar desentupir os canos de sua rede de esgoto. Essa situação mudou há um ano, quando ela implantou a coleta de óleo de cozinha. ‘ Todo mês, recolhemos cerca de 20 litros ‘, conta Ana Maria. ‘ Parece pouco, mas já deu resultado. ‘ Quando vai pelo ralo, a gordura causa estragos. ‘ Ela funciona como uma cola entre outros dejetos, formando pedras que obstruem a rede ‘, explica o engenheiro químico Marcelo Morgado, assessor de Meio Ambiente da Sabesp. ‘ Apenas 1 litro desse resíduo pode contaminar 25.000 litros de água. ‘ Como o condomínio de Ana Maria, cerca de 4.000 prédios recolhem óleo usa­­­­do atualmente na cidade. Há três anos, eram 400. Apesar do crescimento, esse número ainda é pequeno: estima-se que 1,3 milhão de litros de óleo sejam coletados todo mês na Grande São Paulo, o que corresponde a apenas 5% do total descartado.

Uma das pioneiras na coleta de óleo em São Paulo é a Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César (Samorcc). Em 2006, a presidente Célia Marcondes procurou a ONG Trevo, que recolhia o resíduo em estabelecimentos comerciais desde 1992, para implantar a coleta em sua região. ‘ Contamos com o apoio da Sabesp e da prefeitura, mas o poder público deveria ser mais atuante, fazendo campanhas de conscientização ‘, afirma Célia, que neste ano criou a ONG Ecóleo. De acordo com Rose Marie Inojosa, diretora da Umapaz, instituição de educação ambiental ligada à Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, é preciso agora mostrar à indústria a importância do óleo de cozinha. ‘ Esse resíduo tem valor comercial. Serve, por exemplo, para a fabricação de sabão, de massa de vidraceiro e de biodiesel. ‘

Coordenador do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel) da USP de Ribeirão Preto, o professor Miguel Dabdoub considera que o melhor destino para o resíduo é sua transformação em biodiesel, já que a demanda é crescente. Por lei, o diesel comercializado nos postos deve ter a adição de um porcentual de biodiesel, que a partir de 2010 será de 5%. ‘ O maior problema é que a indústria não está preparada para trabalhar com o material usado, que requer mais conhecimento técnico ‘, diz. Atualmente, o Ladetel recolhe cerca de 200.000 litros de óleo por mês, que são transformados em biodiesel destinado à frota do laboratório. A equipe de Dabdoub conseguiu desenvolver um método que transforma 1 litro de óleo residual em 1 litro de biodiesel. Na indústria, a eficiência de transformação é de cerca de 85%. Isso significa que 1 litro de óleo descartado resulta em 850 mililitros de biodiesel.

‘ Ainda assim, se a coleta é feita em larga escala, torna-se viável. ‘ E engana-se quem pensa que é suficiente descartar o óleo no lixo comum, em garrafas plásticas, no lugar de jogá-lo cano abaixo. Em caso de vazamento, pode haver a contaminação do solo e do lençol freático. Uma boa notícia: em julho, o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sindipan) lançou uma campanha para que as padarias da cidade deixassem à disposição dos clientes um contêiner para o descarte de óleo. Até agora, 82 desses estabelecimentos aderiram.

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Onde Descartar

Quem mora em casa deve procurar o ecoponto – local para despejo gratuito de dejetos – mais próximo (www.ecoleo.org.br/ecopontos/sp_sp.html).

Para condomínios, a ONG Trevo vende por 30 reais um recipiente de 50 litros e faz a coleta assim que ela fica cheia (www.trevo.org.br).

A relação de padarias com contêineres pode ser acessada no site https://www.sindipan.org.br/asp/postosdecoleta.htm.

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