O grafiteiro que retrata ídolos e a história do São Paulo nos muros ao redor do Morumbis

O próximo painel de Alan Salles, do projeto Morumbi Graffiti, terá quinhentos metros quadrados

Por Sérgio Quintella SEGUIR SEGUINDO
20 set 2024, 07h00

Allan, em frente a alguns de seus desenhos

Quem circula a pé ou de carro pelas ruas e avenidas do entorno do Estádio do Morumbis deve ter percebido a grande quantidade de grafites com imagens de ídolos antigos e atuais do São Paulo Futebol Clube.

De Telê Santana a Zetti, passando por Rogério Ceni, Calleri, Lucas e até esportistas de outras modalidades, como o velocista e bicampeão olímpico Adhemar Ferreira da Silva e o boxeador Eder Jofre, muitos estão ali, sorrindo, gesticulando ou apenas olhando para os transeuntes, sejam eles torcedores tricolores ou não.

Autor da empreitada, iniciada em 2021, o artista plástico Alan Salles, 48, criador do perfil Morumbi Graffiti, iniciou há duas semanas sua maior obra.

Em um muro branquinho de 500 metros quadrados, localizado na Avenida Jules Rimet, próximo à principal entrada social do clube, Alan vai homenagear os times que venceram os três Mundiais (1992, 1993 e 2005), além de outras conquistas, como o tricampeonato brasileiro (2006, 2007 e 2008). A expectativa é que o trabalho leve três meses para ser concluído.

Desenhos de ex-goleiros do clube: Zetti, Gilmar, Waldir Peres e Poy (Léo Martins/Veja SP)

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Mais demorado do que desenhar centenas de retratos, foi convencer o dono da superfície que lhe servirá de tela, uma empresa de estacionamentos. Sem sucesso após diversas tentativas de contato, Alan pediu uma ajuda para seus seguidores no Instagram. “A torcida invadiu as caixas de mensagem da empresa. Me ligaram no dia seguinte e autorizaram. Foram meses pedindo e sendo ignorado”, diz, rindo.

Para custear o trabalho, orçado em 15 000 reais, o artista lançou uma campanha de doações entre torcedores, influenciadores e a principal torcida organizada do clube, que resultou em cerca de 9 000 reais. “Já dá para começar”, diz o grafiteiro, que não conta com nenhuma ajuda institucional do clube. “O São Paulo foi muito receptivo no início do projeto, mas não gosto de ficar pedindo, pois faço tudo por amor ao time”, relata.

Enquanto planeja a execução da sua atual empreitada, o artista já almeja outros contatos e possíveis negócios.

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Grafite do corredor Adhemar Ferreira da Silva (Léo Martins/Veja SP)

Além de procurar duas grandes empresas que poderão emprestar seus muros na Avenida Jorge João Saad, o grafiteiro pretende contatar potenciais patrocinadores. “Quero transformar o Morumbi no bairro mais grafitado do mundo e, depois da venda dos naming rights do estádio (para a marca de chocolates), vou encontrar um patrocinador disposto a embarcar no nosso projeto”, afirma Alan, dando a pista de que o nome de seu perfil oficial também está para jogo.