Novos rumos e nova dívida: a vida pós-recuperação judicial do Maksoud
Icônico hotel paulistano, fechado desde 2021, vai dar nome a outros empreendimentos país afora
Três anos depois de ingressar com um pedido de recuperação judicial (RJ) para sanar dívidas de 120 milhões de reais (sem contar um passivo tributário quatro vezes maior), a Hidroservice Engenharia Ltda., holding que controlou por quatro décadas o icônico Hotel Maksoud Plaza, recebeu a tão esperada notícia de que o longo e custoso processo estava se encerrando.
Em 13 de novembro passado, a Justiça paulista decretou o fim da ação, após o pagamento de todos os credores listados inicialmente, tais como funcionários, fornecedores e prestadores de serviço. Ainda cabem recursos, tanto do Ministério Público quanto das partes envolvidas. De olho em novos negócios, mas sem seu principal objeto, o icônico prédio de 22 andares situado na Rua São Carlos do Pinhal, na Bela Vista, leiloado em 2021 para o pagamento de débitos trabalhistas, o Grupo Maksoud pretende atuar em outras frentes, como em consultorias e licenciamento de marcas.
Porém um recente e milionário processo movido contra a Hidroservice, administrada por Henry Maksoud Neto (herdeiro do fundador Henry Maksoud), pode atrapalhar a retomada dos trabalhos. Em maio deste ano, o escritório Barioni e Carvalho Advogados passou a cobrar na Justiça pouco mais de 2 milhões de reais a título de serviços prestados e não pagos. O caso se refere à defesa dos interesses do hotel contra a empresa que arrematou o prédio histórico da Bela Vista.
Após a conclusão de um acordo entre as partes, os advogados enviaram um boleto para a Hidroservice, mas o montante nunca foi pago. Em nota, a holding diz que o escritório não participou da negociação, que acabou ocorrendo no âmbito da recuperação judicial. Além disso, a empresa afirma que, caso seja obrigada a pagar a quantia, a dívida deve ser submetida às regras da RJ, com descontos e prazos expressivos. “O plano de recuperação prevê um prazo máximo de pagamento de vinte anos, com três anos de carência, ou seja, a partir de agosto de 2024”, diz a empresa, em nota.
Enquanto se defende da nova cobrança e começa a respirar novos ares, Henry Neto planeja entrar de vez em uma nova área, a de licenciamento das marcas Maksoud e Frank Bar. Pessoas que conhecem os negócios da família afirmam que a ideia do neto do fundador é criar uma espécie de franquia, podendo ele atuar ou não na operação de terceiros.
Quem quiser comprar a marca original, no entanto, não vai conseguir. “Agora é só Maksoud. O Plaza ficará para a história”, diz uma funcionária do grupo.
Ainda que resolva os processos recentes e passados da empresa e dê novos rumos aos negócios, a família Maksoud está longe de terminar outra briga. Até hoje o inventário de Henry Maksoud, falecido em 2014, aos 85 anos, não foi concluído. Logo depois da morte do patriarca, os irmãos Roberto e Cláudio contestaram o testamento do pai, que dedicou 50% da fortuna para sua segunda esposa, Georgina Célia Maksoud, e para seu neto Henry, filho de Roberto. Com guerras de versões, acusações e uma sucessão de recursos, a briga familiar foi parar no Superior Tribunal de Justiça.
Publicado em VEJA São Paulo de 1º de dezembro de 2023, edição nº 2870