Nelson Ned, um grande bon-vivant
Morto aos 66 anos no dia 5, o cantor romântico foi uma figura frequente na noite paulistana

Famoso pelos versos românticos de suas canções e pela pequena estatura de 1,12 metro, o cantor Nelson Ned era conhecido também pelo comportamento festeiro. Entreos anos 80 e 90, ostentava a carteira de sócio-frequentador número 2 da boate Gallery, point dos ricos e famosos de São Paulo naquela época. A número 1 pertencia ao playboy Chiquinho Scarpa, seu parceiro de noitadas.
Por lá, distribuía fartas gorjetas aos garçons e desembolsava 100 dólares para o DJ tocar Eu Não Sou Cachorro Não,de Waldick Soriano, quando entrava pela porta. Natural de Ubá, no interior de Minas Gerais, ele se mudou para São Paulo na década de 70, após morar no Rio de Janeiro. Era dono de uma voz poderosa e, mesmo com todo o sucesso que alcançou, foi vítima de preconceito por sua condição de anão e pelo repertório brega com o qual conquistou uma legião de fãs no Brasil e em vários países latinos, onde se apresentava para milhares de pessoas em estádios de futebol.
Foi milionário, mas perdeu grande parte do que ganhou. “Ele sempre gostou de festas, lugares chiques e de estar entre mulheres lindas. Não economizava dinheiro, exibia carros e roupas”, lembra o cantor e ex-vereador Agnaldo Timóteo, um de seus velhos amigos. Após enfrentar uma fase marcada por excessos no uso de drogas e álcool, abandonou os vícios no fim da década de 90, tornou-se evangélico e passou a cantar canções gospel.
Em 2003, sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou cego de um olho e em uma cadeira de rodas. Um de seus últimos shows na cidade foi apresentado na Virada Cultural de 2008. Vivia sob os cuidados de uma irmã em Alphaville e nos últimos meses estava internado em uma clínica em São Roque, devido à piora das suas condições de saúde. Morreu na madrugada de domingo (5), no Hospital Regional de Cotia, vítima de uma pneumonia, aos 66 anos. Foi casado duas vezes e deixou três filhos.