Intérpretes defendem leituras de clássicos americanos no Teatro Alfa
'Nego' é o nome do espetáculo que acontece dia 18 e contará com grandes nomes da música brasileira, como Dominguinhos e Gal Costa
O Brasil tem uma longa tradição de versões de temas do cancioneiro americano. Há de tudo: boas sacadas, traições imperdoáveis aos originais, resultados divertidos ou mesmo beirando o nonsense (por semelhança fonética, ‘In the Mood’ já virou ‘Edmundo’). O compositor Carlos Rennó propõe um modo novo de encarar o trabalho de versionista — preocupação com o sentido das palavras, sem deixar a criatividade de lado. “Fui influenciado pela poesia concreta”, diz ele, que chega a levar quatro meses transpirando sobre um clássico gringo.
Em 2000, Rennó lançou o disco ‘Cole Porter e George Gershwin — Canções, Versões’, produzido por Rodolfo Stroeter. ‘Let’s Do It’ (‘Let’s Fall in Love’), por exemplo, tornou-se ‘Façamos’ (‘Vamos Amar’). Rennó tinha vontade de repetir a dose, desta vez ao lado do violoncelista Jaques Morelenbaum, quando os dois foram sondados para um projeto com o Centro da Cultura Judaica. Feliz coincidência: boa parte dos grandes compositores selecionados, como Irving Berlin e Richard Rodgers, eram judeus. Surgia o disco Nego, lançado em 2009.
O trabalho ganha seu primeiro show aberto ao público. Pelo Teatro Alfa, na quinta (18), passam Gal Costa (‘My Romance’/Meu Romance), Dominguinhos (‘I’ve Got a Crush on You’/Tenho um Xodó por Ti), Moreno Veloso (‘How Deep Is the Ocean’/Tão Fundo É o Mar), Ná Ozzetti e Wilson Simoninha (‘I Wish I Were in Love Again’/Queria Estar Amando Alguém), Paula Morelenbaum (‘Lover’/Nego) e Zélia Duncan (‘Over the Rainbow’/Mais Além do Arco-Íris). Gravadas por artistas como Maria Rita e Seu Jorge, que não comparecerão, as outras sete canções do álbum ganham as vozes dos presentes. O interesse de Carlos Rennó por versões não para aí. Ele planeja releituras dos Beatles com os rapazes do grupo cearense Cidadão Instigado.