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Tragédias que viraram movimentos sociais

Grupos de amigos e familiares se unem após perda de parentes para impedir novos acidentes

Por Daniel Ottaiano
Atualizado em 5 dez 2016, 17h46 - Publicado em 23 set 2011, 18h16

No último sábado (17), Miriam Baltresca, de 58 anos, e sua filha, Bruna Baltresca, 28, morreram atropeladas em uma calçada quando saíam do Shopping Villa-Lobos. O velocímetro do carro de Marcos Alexandre Martins marcava 100 km/h. Sem a mãe a irmã do dia para a noite, o palestrante motivacional Rafael Baltresca, de 31 anos, decidiu transformar seu luto em luta pela conscientização. Ele promete criar uma campanha para impedir que o trânsito faça novas vítimas.

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“Minha vida desmoronou. A única motivação que eu tenho hoje é fazer algo para ajudá-las. Pretendo fazer uma campanha que vai começar pelo Facebook, mas não sei aonde vai chegar. O que espero realmente é que não aconteçam mais acidentes como esse.”

Em outra tragédia no trânsito, em 23 de julho, quem perdeu a vida foi o administrador Vitor Gurman, de 24 anos, também atropelado em uma calçada, na Rua Natingui, Vila Madalena. Um dia após o enterro do jovem, parentes e amigos fizeram uma passeata, que acabou por se tornar um movimento social que alcançou mais de 12.000 apoiadores no Facebook, além de receber o suporte de times de futebol e de outras instituições que lutam pelas melhorias no trânsito.

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Hoje, o grupo carrega faixas com a frase “não espere perder um amigo para mudar a sua atitude” em protestos na Avenida Paulista e em estádios de futebol. Em agosto, por exemplo, o uniforme do Corinthians estampou “Viva Vitão” em apoio à causa. No próximo sábado (24), o grupo se une à manifestação liderada pelo Movimento Nossa São Paulo, como parte da semana da mobilidade, que pede melhorias na rede de transportes ao redor do mundo. A eles, caberá o papel de pedir respeito à vida no trânsito.

O grupo também foi procurado pela organização do festival Brooklin Fest para conscientizar os participantes da festa alemã — que acontece em 22 e 23 de outubro — a não dirigirem após o consumo de bebidas alcoólicas. “Como é uma festa alemã, com consumo de cerveja muito alto, eles [organizadores] querem fazer uma parceria com a gente por uma forma de transporte mais saudável, como criar um acordo com uma empresa de táxi para levar as pessoas e ter vans em alguns pontos próximos”, diz o publicitário Felipe Montuori, de 24 anos, amigo de Vitor.

Atualmente, a Viva Vitão tem quinze membros ativos, que se revezam para responder aos e-mails (contato@vivavitao.com.br) e organizar novas formas de se manifestar. Apesar de o movimento ter crescido, os organizadores acham que ainda não é o momento de se tornar uma ONG. “Estamos indo devagar, estudando criar uma sede, contratar pessoas”, diz o cineasta Pedro Serrano, de 24 anos, também amigo de Vitor desde os tempos em que estudavam na escola Vera Cruz.

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Serrano também está à frente de um documentário sobre o trânsito, que promete analisar o panorama atual, mostrar outros casos de vítimas de acidentes e tentar apontar o que pode ser feito para mudar o cenário. Feito de forma independente e ainda sem data para ser lançado, o filme agora procura patrocinadores que possam ajudar no financiamento. “O documentário é uma ferramenta que vai ter muito menos resistência entre os jovens do que uma palestra, por exemplo”, acredita o cineasta.

Outro exemplo de mobilização após uma tragédia vem da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ3054 (Afavitam), que luta pela melhoria na segurança do transporte aéreo brasileiro desde 2007, quando um acidente no Aeroporto de Congonhas deixou 199 mortos.

Mais antigo, o Instituto Ives Ota foi criado em 1997 após o sequestro e morte do menino de oito anos. A ONG pede uma sociedade pacífica.

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Conheça abaixo mais movimentos que surgiram de tragédias:

Trânsito Amigo (transitoamigo.com.br) – A associação de amigos e parentes de vítimas de trânsito surgiu após a morte de Fabrício Pinto da Costa Diniz, 20 anos. O grupo luta contra a violência nas ruas e estradas do país.

Projeto Viva em Segurança (www.vivaemseguranca.com.br) – Ari Friedenbach criou o movimento sete anos após o assassinato de sua filha, Liana Friedenbach, e do namorado, Felipe Caffe, em 2003. O objetivo é lutar pela segurança e diminuir a impunidade a infratores.

Fundação Thiago de Moraes Gonzaga (www.vidaurgente.org.br) – Em 1996, os pais de Thiago criaram o movimento após perderem o rapaz em um acidente de carro. A missão é mobilizar a sociedade por mudanças no comportamento no trânsito.

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