Coletiva no Instituto Tomie Ohtake explora universo islâmico
"Miragens" reúne 58 trabalhos realizados sob a ótica contemporânea
Desde janeiro, o Centro Cultural Banco do Brasil hospeda a boa mostra “Islã: Arte e Civilização”, formada por 307 objetos históricos e arqueológicos que compreendem mais de 1.000 anos de cultura muçulmana. Agora é a vez de o Instituto Tomie Ohtake receber outra montagem sobre o assunto. Existe uma diferença fundamental, porém: Miragens — Arte Contemporânea no Mundo Islâmico reúne apenas trabalhos realizados em nossos dias, cumprindo, portanto, um papel ao mesmo tempo de complemento e contraponto. São 58 obras, de dezessete nomes, oriundas de coleções públicas e particulares da Europa, dos Estados Unidos e do Oriente Médio. Há pinturas, vídeos, instalações, esculturas e fotografias.
Vários dos artistas abordam ironicamente questões relacionadas à violência. É o caso da marroquina Bita Ghezelayagh, que apresenta uma peça de roupa repleta de metralhadoras e flores bordadas. A linha sarcástica destaca ainda a palestina Laila Shawa e sua colagem “Fashionista Terrorista”, além da iraniana Shadi Ghadirian. Na série “Ghajar”, ela traz uma mulher vestida com o tradicional véu ouvindo música, usando o aspirador de pó e em outras cenas cotidianas. O ponto alto da coletiva está em “Caminho para Tate Modern”, do turco Sener Ozmen. No afiado vídeo, dois homens engravatados interpretam Dom Quixote e Sancho Pança durante um percurso no deserto em direção ao famoso museu londrino, localizado a milhares de quilômetros dali. Curiosidade: a gaúcha Lucia Koch integra a seleção com fotos de janelas otomanas.
AVALIAÇÃO ✪✪✪