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“A gente só queria dar um rolê”, diz amigo do menino morto pela GCM

Jovem que afirma ter participado do furto do veículo que antecedeu a perseguição policial alega que nenhum dos menores portava armas

Por Sérgio Quintella
Atualizado em 1 jun 2017, 16h06 - Publicado em 27 jun 2016, 20h41
Waldik Gabriel Chagas baleado pela GCM
Waldik Gabriel Chagas baleado pela GCM (Arquivo pessoal/)
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Na madrugada deste domingo (26), um agente da GCM matou um menino de 11 anos. O menor Waldik Gabriel Chagas, apelidado de Biel, foi atingido por um tiro na cabeça disparado pelo guarda civil metropolitano Caio Muratori, durante uma perseguição ocorrida na noite anterior, na Zona Leste. O caso, ocorrido no mesmo mês da morte de um menino de 10 anos pela Polícia Militar, na Vila Andrade, chocou a cidade.

Durante o velório do menino nesta segunda (27), no Cemitério da Vila Formosa, na mesma região, um jovem de 14 anos que era amigo da vítima relatou à reportagem de VEJA SÃO PAULO que estava junto de Waldik Gabriel Chagas quando, ao lado de outro menor de 12 anos, furtaram um carro em Guaianases.

“Só queríamos dar um rolê na quebrada. A gente ia para uma quermesse. Depois, ia estacionar o carro na rua. O dono iria pegar o Chevette de volta”, diz Fernando (nome fictício), o mais velho do trio e responsável por abrir o automóvel com uma chave micha. “Quando vi a GCM, puxei o freio de mão e ouvi quatro disparos. Depois saí correndo. Enquanto fui para uma pizzaria ali perto, meu outro amigo se escondeu na quermesse. Antes de sair do carro, vi o Biel caído. A gente não estava armado”.

Chevette menino baleado pela GCM
Chevette menino baleado pela GCM ()
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Tanto Fernando quanto o amigo de 12 anos que, segundo o relato, estava no Chevette compareceram ao velório, acompanhado por dezenas de familiares e amigos. Todos gritaram “justiça” quando o caixão foi fechado para ser sepultado. Pai do menor morto, o motorista Waldik Marcelino Chagas, de 37 anos, afirma que levaria o menino para trabalhar com ele no ano que vem. “Ele iria entregar mercadoria comigo, mas não deu tempo. Não pude fazer nada por ele”, lamenta.

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Em entrevista à Rádio Estadão, o prefeito Fernando Haddad falou que a ação do GCM Caio Muratori foi equivocada. “O guarda civil anda armado para se proteger. Não é para fazer policiamento”, afirmou Haddad.  Muratori foi autuado em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e vai responder ao processo em liberdade.

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O advogado Ariel de Castro, representante do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), diz que o homicídio doloso deveria ser considerado, já que “o tiro que matou o menino foi efetuado na direção das cabeças dos ocupantes do carro, não nos pneus ou na lataria”.

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Em casa, Biel era visto como um menino que gostava de jogar videogame e soltar pipa. Há cerca de um ano, porém, teria descoberto  as “más amizades”, como define o padrasto, Sandro Mendonça, de 38 anos. “A gente chegou a colocar correntes no portão e a trocar a fechadura de casa para que ele não saísse, mas o Biel pulava o portão e ia para a rua. A culpa disso tudo é das companhias que ele conheceu aqui no bairro. Falavam que ele fumava maconha, mas nunca presenciamos nada. Agora, o guarda civil que matou meu enteado tem que ser preso”. 

 

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