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Médium da Fundação Cacique Cobra Coral tem convênio com a prefeitura

Adelaide Scritori diz que é capaz de controlar manobrar fenômenos naturais e alterar o clima do planeta

Por Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h25 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

Na tarde em que o papa Bento XVI desembarcou em São Paulo, no mês de maio, a meteorologia previa que ele seria recebido debaixo de chuva. Pouco antes de sua chegada, de fato, começou uma garoa. Mas foi só o pontífice descer do avião para que ela parasse. O que para os católicos poderia ser um presente de São Pedro, para a médium Adelaide Scritori não passou de obra de uma entidade umbandista conhecida como Cacique Cobra Coral. Com a ajuda do espírito – que teria habitado o corpo do cientista italiano Galileu Galilei e o do presidente americano Abraham Lincoln –, Adelaide se diz capaz de manobrar fenômenos naturais e alterar o clima do planeta.

A pedido do secretário adjunto das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, a médium afirma que, com seus poderes, criou um guarda-chuva para Bento XVI naquela tarde. “Manejamos o vento para que ele levasse a chuva embora e trouxesse o frio”, diz, por e-mail, Adelaide, que nunca deu uma entrevista pessoalmente a nenhum veículo de comunicação. “Cumpro ordens do astral, a quem respondo”, justifica a presidente da Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC), entidade sediada em Guarulhos, na Grande São Paulo. A visita do papa não foi o primeiro evento paulistano a receber sua ajuda. Só neste ano, a prefeitura recorreu à fundação pelo menos seis vezes.

A FCCC relaciona entre seus supostos feitos a elevação de 29 graus centígrados na temperatura de Londres, em 1987, o deslocamento para o mar de temporais que castigariam o Rio de Janeiro, em 2006, e, mais recentemente, o desvio de uma chuva para apagar incêndios florestais na Grécia, de onde a médium retornou na semana passada. Corretora de imóveis “acima de 1 milhão de reais”, como gosta de frisar, Adelaide mora nos Jardins e costuma viajar o mundo oferecendo seus dotes sobrenaturais. Jura que o cacique não a ajuda nos negócios ou em relacionamentos. “A entidade só faz alterações climáticas para beneficiar a população.” Pertencente a uma tribo americana, o índio apareceria à médium desde os 7 anos de idade e se comunicaria num português “com sotaque caboclo”. Às vezes, segundo ela, a entidade surge no meio da noite, para sussurrar alguma premonição em seu ouvido. “Durmo com um caderninho para anotar as revelações.”

Mantida por uma empresa de seguros, a FCCC ganhou fama internacional depois que o escritor Paulo Coelho foi seu vice-presidente, entre 2004 e 2006. Hoje, dezessete países, em três continentes, receberiam ajuda do cacique. No Brasil, três estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) e duas prefeituras (do Rio de Janeiro e de São Paulo) contariam com sua força para lidar com raios, trovões e tempestades. A prefeitura paulistana mantém contrato com a Cobra Coral desde 2005. No início do ano, o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, revalidou a parceria. “O convênio é inodoro, incolor e sem valor financeiro, apenas continuou”, afirma Matarazzo. Adelaide diz que não cobra nada das cidades para desviar os temporais. Mas pede, em troca, algumas obras para evitar enchentes. “Funcionamos como uma espécie de airbag: reduzimos os danos, mas as autoridades têm de fazer a parte delas”, explica Adelaide. “O cacique não pode servir de muleta para os humanos.”

Cacique meteorologista

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Alguns eventos em que a fundação foi chamada para atuar neste ano

São Paulo

• Resgate dos bombeiros após acidente da Linha 4 do metrô, em janeiro

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• Visita do presidente americano George W. Bush, em março

• Visita do papa, em maio

• Virada Cultural, em maio

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• Visita dos representantes da Fifa ao Morumbi, em agosto

• Desfile de 7 de Setembro

Brasil

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• Carnaval do Rio de Janeiro, em fevereiro

• Jogos Pan-Americanos Rio 2007, em julho

• Lançamento do foguete VSB-30, na base de Alcântara, no Maranhão, em julho

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Outros países

• Incêndios florestais na Grécia, em agosto

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