Masp propõe novo olhar sobre o Romantismo
Exposição relaciona telas de diversos períodos, sem obedecer a cronologia clássica da escola artística
Formado graças à infalível combinação do tino comercial de Assis Chateaubriand (1892-1968) com o conhecimento teórico e histórico de Pietro Maria Bardi (1900-1999), o acervo do Masp é considerado o mais importante da América Latina. Reduzida por anos a modos enfadonhos de exibição (“pintura francesa”, “pintura italiana”…), a preciosa coleção vem ganhando novos recortes temáticos desde 2007, graças aos esforços do curador-chefe do museu, Teixeira Coelho. Depois de A Arte do Mito, Virtude e Aparência, A Natureza das Coisas e Olhar e Ser Visto, chegou a vez de Romantismo — A Arte do Entusiasmo, composta de 79 obras.
A tese é polêmica. Na opinião de Teixeira Coelho, o gênero romântico não se limita ao movimento localizado historicamente na virada do século XVIII para o XIX. Representa, independentemente da época, um modo de o artista se relacionar com seu trabalho e o mundo ao redor, cada vez mais individualizado, intenso e em choque com padrões estéticos e morais. “Romantismo é tanto cultivar um sentimento de pertencer a alguma coisa ou lugar quanto se sentir diferente e afastado”, escreve o curador no catálogo da mostra.
Dentro desse conceito, marcam presença nos nove módulos da exposição tanto nomes muito antigos, a exemplo de Hieronymus Bosch e El Greco, quanto os contemporâneos León Ferrari, Tomie Ohtake e Marcello Grassmann. A seleção passa por Vincent van Gogh, Édouard Manet e Amedeo Modigliani. Será exibido ainda o desenho Cavaleiro, de Salvador Dalí, uma valiosa e infelizmente rara doação recebida pelo museu em 2008.