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Masp exibe uma das mais ricas coleções particulares de arte brasileira

João Leão Sattamini expõe seu acervo particular de arte brasileira no Masp

Por Orlando Margarido
Atualizado em 5 dez 2016, 19h24 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

Na década de 60, o escritório do Instituto Brasileiro do Café em Milão funcionava como uma espécie de embaixada informal para os brasileiros que ali residiam ou estavam de passagem. Seu diretor na época, o economista e empresário carioca João Leão Sattamini, conheceu, dessa forma, alguns artistas radicados na cidade italiana. Entre eles estava Antonio Dias, um paraibano que o incentivou a aproximar-se da arte. Sattamini não só correspondeu ao gesto como comprou dele a obra Biografia Incompleta, a primeira peça do que viria a ser uma das maiores coleções da produção brasileira surgidas a partir dos anos 50. Parte desse acervo de 1 200 trabalhos, hoje cedido em regime de comodato ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói – projeto de Oscar Niemeyer executado especialmente para a coleção –, poderá ser apreciada a partir de terça (21) no Masp. A mostra Arte e Ousadia – O Brasil na Coleção Sattamini de 1950 a 2000 reúne 100 pinturas, esculturas e objetos de maioria geométrica, tendência artística que é a paixão do colecionador.

Em abrangência, o conjunto completo só perde para o do também carioca Gilberto Chateaubriand, que detém a maior coleção particular de arte brasileira. Ao contrário deste, no entanto, Sattamini não herdou fortuna nem obras de arte da família. “Comprei aos poucos, um quadro aqui, outro ali, com o conselho de bons amigos”, diz o ex-exportador de café, que ainda hoje, aos 71 anos, faz aquisições esporádicas. A aparente modéstia do comprador não condiz com a importância de sua coleção nem com seu gosto peculiar. “Ele tem um olho muito exigente e diferenciado”, afirma o jornalista Leonel Kaz, curador da mostra.

Esse olhar também soube captar o momento de desvalorização de movimentos artísticos e os preços conseqüentemente baixos. Foi o caso dos trabalhos do chamado construtivismo carioca, representado por Hélio Oiticica e Lygia Clark, e de concretistas paulistanos como Hermelindo Fiaminghi e Lothar Charoux. Outro lance de visão aguçada envolveu o pintor Jorge Guinle. Sattamini bancou sua participação na 17ª Bienal, realizada em 1983, e em troca levou a série de treze telas inteira para casa. É de lá, inclusive, mantida como xodó num tríplex no bairro carioca do Jardim Botânico, que sai pela primeira vez, diretamente para o Masp, a constelação de oito têmperas de uma fase muito além das bandeirinhas, fachadas e dos mastros de Alfredo Volpi.

Arte e Ousadia – O Brasil na Coleção Sattamini de 1950 a 2000. Masp. Avenida Paulista, 1578, 3251-5644, Metrô Trianon-Masp. Terça, quarta e sexta a domingo e feriados, 11h às 18h; quinta, 11h às 20h. R$ 15,00 e R$ 7,00 (meia-entrada). A bilheteria fecha uma hora antes. Grátis para menores de 7 anos, pessoas com mais de 60 e grupos de estudantes de escolas públicas agendados. Até 7 de outubro. A partir de terça (21).

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