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Prestes a inaugurar exposição, Marcelo Rosenbaum toca casa-modelo no Acre

Arquiteto fala sobre trabalho em comunidades tradicionais no Brasil e o projeto Pavilhão Itaú, no Rock in Rio

Por Luana Machado
20 set 2024, 06h30
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Marcelo Rosenbaum: viagens pelo Brasil com o instituto (Loiro Cunha/Divulgação)
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Prestes a inaugurar uma exposição no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia (MuBe) sobre arqueologia amazônica, o arquiteto e designer Marcelo Rosenbaum, 55, completa catorze anos de atuação em conjunto com comunidades tradicionais Brasil afora.

A missão começou como a busca de uma resposta essencial em meio a emergências e migrações climáticas: como tornar a arquitetura e o design em ferramenta de transformação social. “O objetivo sempre foi pensar essas áreas como pilares de apoio em prol da permanência dos povos indígenas e quilombolas em seus territórios e da conservação dos biomas, até porque essas comunidades vivem em uma relação intrínseca com a natureza”, conta Marcelo.

Desde 2011, quando nasceu a parceria com a Associação das Mulheres Artesãs de Várzea Queimada, no sertão do Piauí, que gerou duas coleções — Toca de Borracha, com peças de borracha e palha de carnaúba, e Toca de Luz, com luminárias —, a iniciativa se capilariza em outras regiões. O crescimento gerou a criação do instituto A Gente Transforma, fundado oficialmente em 2016, para capitanear as relações com as comunidades do projeto.

“Nossa metodologia não parte de uma ideia do que o mercado precisa. Eu gosto de inverter a lógica: pedir licença para entrar nos territórios, enxergar os potenciais e aprender os conhecimentos. Essa oportunidade de gerar renda a partir de saberes ancestrais gera uma potência muito grande”, afirma o fundador do instituto sem fins lucrativos. O valor da comercialização dos produtos é fonte de receita direta das comunidades, que atuam à frente desse processo.

Em julho, a coleção Jalapoeira Apurada, composta por esculturas de capim-dourado e buriti feitas pelas mãos de mulheres de três comunidades quilombolas do Jalapão, rendeu uma exposição no anexo do Museu Nacional. Já no Acre, a parceria de treze anos com o povo Yawanawá está possibilitando a criação de uma casa-modelo em uma área protegida de mais de 200 000 hectares na Floresta Amazônica.

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No Cerrado: artesãs do
Jalapão com as esculturas
de capim-dourado (Loiro Cunha/Divulgação)

O espaço, que conta com um centro cerimonial, receberá a 5a Conferência Mundial da Ayahuasca e depois será convertido em uma universidade de saberes ancestrais da aldeia. “É um projeto longo, que demanda muito entendimento dos processos construtivos. É uma grande responsabilidade só pelo significado de existir essa parte da Amazônia viva, com um povo mo- rando e cuidando dela”, declara.

O trabalho do arquiteto não para também no escritório Rosenbaum, localizado na Zona Oeste, que se tornou mais uma engrenagem nessa grande missão, possibilitando o escoamento de peças das comunidades parceiras. Marcelo ainda assumiu outro desafio recentemente, assinando o Pavilhão Itaú no Rock in Rio. “Foi um convite muito especial em um contexto de celebração, com o centenário do banco e quarenta anos do festival. O pavilhão é uma grande arena suspensa de três andares que serve de espaço de encontros e descanso. Tem praça, arquibancada, pista, um palco e um rooftop. É multifuncional em torno da música”, explica.

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Pavilhão Itaú: arena suspensa celebra
cultura brasileira (Leonardo Finotti/Divulgação)

Com o fim do festival, outra novidade: a abertura, no dia 28 de setembro, de uma exposição no MuBe cuja expografia tem a assinatura de Rosenbaum. “É sobre a arqueologia amazônica, baseada na pesquisa do Eduardo Neves, que confirma a atuação dos povos originários na origem da Floresta Amazônica. E, neste momento de emergência climática, é essencial entender a visão de futuro e o legado deles na arquitetura da natureza”, conclui.

Publicado em VEJA São Paulo de 20 de setembro de 2024, edição nº 2911

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