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Marcelo Médici: dois espetáculos em cartaz

Ator está no monólogo cômico Cada um com Seus Pobrema e o musical Sweet Charity

Por Marcella Centofanti
Atualizado em 5 dez 2016, 19h22 - Publicado em 18 set 2009, 20h35

Minutos antes de a comédia Cada um com Seus Pobrema abrir as cortinas, no teatro do Shopping Frei Caneca, cerca de trinta pessoas, às vezes mais, se aglomeram em torno da bilheteria. São espectadores ansiosos pelos últimos assentos disponíveis na platéia de 600 lugares. Não há ingresso para todos. Quem consegue comprar uma entrada comemora. Repetida noite após noite até o fim da temporada, encerrada em dezembro, a cena deve voltar a acontecer a partir desta terça (9), na reestréia da montagem. Num mês considerado fraco de público, restam poucos bilhetes para as primeiras apresentações. O que essa gente toda espera? Rolar de rir, evidentemente. Durante duas horas, o ator Marcelo Médici arranca gargalhadas do auditório com os oito personagens cômicos que encarna, da apresentadora infantil politicamente incorreta Tia Penha ao mico-leão-dourado gay.

“Até hoje acho esse sucesso estranho”, afirma Médici. Pudera. Pouco mais de um ano atrás, seu nome só era conhecido por um restrito grupo freqüentador de teatro – entre eles os espectadores do humorístico Terça Insana, que teve Médici como uma de suas principais estrelas. A popularidade explodiu com o personagem Fladson, o gago de Belíssima, novela de Silvio de Abreu. Foi tiro e queda. Cada um com Seus Pobrema trocou o pequeno Teatro Crowne Plaza, de 153 lugares, pelo espaçoso Frei Caneca. Ali, o espetáculo é encenado às terças e quartas. De quinta a domingo, Médici exibe seu talento como par romântico de Claudia Raia nos palcos do musical Sweet Charity, em cartaz no Citibank Hall.

Queridinho do público, ele é alvo dos elogios dos especialistas – que, em geral, torcem o nariz para comédias. “A caricatura é uma técnica difícil, que a maioria dos atores faz mal”, aponta o crítico Sérgio Salvia Coelho, da Folha de S.Paulo. “Não é o caso do Marcelo Médici. Ele é um perfeccionista, que leva o trabalho a sério e vai além do necessário para ser bom.”

Com 35 anos, viveu dezoito de semi-anonimato antes de distribuir autógrafos pelas ruas. Nascido em São Paulo, mora com a avó de 92 anos e a cachorra da raça maltês Preta, no Pacaembu. Não se considera católico praticante, mas é devoto de Santo Antônio e reza antes de entrar em cena. Começou a estudar teatro com o diretor Antunes Filho, ainda nos tempos de aluno do colégio Mackenzie. Passou pela escola de teatro Célia Helena, participou de aproximadamente trinta peças e encarou algumas roubadas, como se vestir de Papai Noel em festas de firma. Na televisão, fez A Praça É Nossa e a novela Canavial de Paixões (alguém assistiu?), ambas no SBT. Em agosto de 2004, entrou no cheque especial e investiu 10.000 reais para montar Cada um com Seus Pobrema, que escreveu em parceria com Ricardo Rathsam. “O espetáculo começou sem nenhuma pretensão”, recorda-se. “Era uma época em que eu estava sem dinheiro e sem perspectivas de trabalho.” Mas, graças à peça, Médici caiu nas graças de Silvio de Abreu. E, logo, do público.

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